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A penetração do paradigma das “invasões holandesas”: construções historiográficas da primeira metade do século XX
A ideia de um Brasil lusitano com a exaltação da resistência portuguesa capaz de expulsar o inimigo invasor e libertar a colônia foi desenhada no século XIX como parte do projeto de construção nacional. A consolidação encontra-se no trabalho de Francisco Adolfo de Varnhagen, embora sua interpretação não tenha se tornado paradigmática à sua época. Analisar a penetração desta narrativa historiográfica da “invasão holandesa” na historiografia da primeira metade do século XX é o objetivo central do presente artigo. Para tanto, são examinadas as obras clássicas de Capistrano de Abreu, Sérgio Buarque de Holanda, José Antônio Gonsalves de Mello, Hermann Wätjen e Charles Boxer no que tange à história da ocupação neerlandesa do Brasil, questionando como tais abordagens reificam o paradigma da invasão ou lançam avanços historiográficos significativos à temática. Para além de uma nomenclatura, concluiu-se que até meados do século XX o modelo varnhageniano se enraizou na historiografia brasileira, apesar das ponderações críticas e mudanças de perspectiva propostas por historiadores estrangeiros e pela historiografia regional. A ancestralidade lusitana permanece, ainda que os novos historiadores produzam interpretações altamente originais e radicalmente distintas do fazer historiográfico do século XIX.