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Os processos de reprodução e sintetização da voz humana nos dispositivos de assistência digital não obedecem, somente, a mecanismos puramente tecnológicos. Neles também se evidenciam quer formas de conceber a linguagem segundo os preceitos da informação quer formas de actualizar e perpetuar certos estereótipos sociais, particularmente os de género. É com o propósito de reflectir sobre a articulação de ambas que se justificam os conteúdos expostos no presente artigo, assim como a principal distinção conceptual, que, nele, é desenvolvida, entre ‘a voz que ouve’ e ‘a voz que é ouvida’. São duas as teses que norteiam esse propósito. A primeira sugere que a padronização dos assistentes digitais segundo critérios de discriminação de género é, ainda, nos nossos tempos, uma das várias manifestações do amplo fenómeno da divisão sexual do trabalho. A segunda tese, por sua vez, abrange o fenómeno tecnológico da chamada “convergência digital” e diz respeito aos modos de como os estereótipos auditivos, baseados na imagem de mãe-cuidadora, complementam e reforçam os estereótipos visuais. Para que a articulação teórica das duas teses seja profícua, é necessário, antes de tudo, desmistificar a suposta interacção verbal entre máquina e utilizador, mostrando – ao contrário do que se infere do imaginário tecnológico contemporâneo – a impossibilidade dialógica de ambos.