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Sobre o que é propriamente humano na Ética nicomaqueia
Neste artigo, temos a intenção de averiguar o que a Ética nicomaqueia propõe como sendo propriamente humano, dentre os usos da capacidade de razão, qual poderia ser configurado como tal, definindo especificamente o homem. A pergunta surgiu a partir da observação que o tratado às vezes descreve o homem como animal político, às vezes salienta seu aspecto racional, porém, sem associar ou dissociar abertamente essas duas características. Constatamos uma dupla especificação não relacionada no tratado, mas fortemente atrelada à capacidade racional da alma e seus usos prático e teorético. Sendo assim, propomos a pesquisa acerca do que pode ser propriamente humano a partir do que a Ética indica sobre a razão. Para tanto, iniciamos com observações dos primeiros Livros, especialmente do Livro I, porque ali vemos destacado que o homem é naturalmente político, mas também os primeiros traços da discussão sobre a razão humana. Seguimos com a pesquisa mais detida do Livro VI e o que este apresenta sobre as relações e dissenções dos dois tipos de razão, bem como de suas virtudes. Depois, visitamos as linhas do Livro X, em sua segunda metade, que ora enfatiza o uso teorético da razão e a vida de contemplação, ora indica as impossibilidades de se viver plenamente deste modo, reforçando a importância da pesquisa proposta e trazendo elementos cruciais para a resposta que procuramos.