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Por meio do extrativismo de dados, os algoritmos podem personalizar a experiência dos usuários, promovendo o consumo e o fornecimento voluntário de dados. A ideia de poder pastoral enquanto condução do coletivo e do individual, ao mesmo tempo e numa determinada direção, e a de panoptismo como estratégia de vigilância, parecem apropriadas para considerar uma prática de governo, de direcionamento, via algoritmos. A partir disso, consideramos que as tecnologias digitais compõem uma nova instância de poder acoplada aos discursos neoliberais, que produzem uma sensação de redução entre aquele que detém o poder e quem está submetido a ele, fazendo o sujeito operar o poder sobre si mesmo. 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A lógica algorítmica e a questão do poder: uma reflexão a partir de Foucault
Considerando a presença marcante das tecnologias computacionais no cotidiano das pessoas e o modo como influenciam a aquisição de hábitos na atualidade, este escrito se propõe a analisar, a partir de Foucault (1987; 2008; 2015), o modo de operação do poder através das tecnologias. Para isso, tomamos os conceitos foucaultianos de poder e dispositivo. O primeiro enquanto uma operação implicada e exercida em todas as faces da sociedade, atravessada por um cálculo que tem fins e objetivos específicos, e o segundo, como um aparato, uma rede, que gerencia e faz parte do acontecimento, cuja dimensão teria uma função estratégica dominante. Considera-se que as ferramentas de cálculo computacionais, os algoritmos, influenciam o modo como os usuários navegam na web. Por meio do extrativismo de dados, os algoritmos podem personalizar a experiência dos usuários, promovendo o consumo e o fornecimento voluntário de dados. A ideia de poder pastoral enquanto condução do coletivo e do individual, ao mesmo tempo e numa determinada direção, e a de panoptismo como estratégia de vigilância, parecem apropriadas para considerar uma prática de governo, de direcionamento, via algoritmos. A partir disso, consideramos que as tecnologias digitais compõem uma nova instância de poder acoplada aos discursos neoliberais, que produzem uma sensação de redução entre aquele que detém o poder e quem está submetido a ele, fazendo o sujeito operar o poder sobre si mesmo. Por fim, propomos pensar lutas e resistências enquanto modos de contra condutas a esta forma de governo.