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Neste texto, nosso objetivo é realizar a análise de discursos identificados com a extrema direita e seus modos de produzirem e fazerem circular práticas discursivas que reproduzem o discurso dominante do racismo. Para dar conta desse objetivo, voltamos nosso olhar para a Fundação Cultural Palmares. Esse olhar nos levou à montagem de um arquivo constituído a partir: i) do Relatório, produzido pela instituição, sobre o que chamam de "30 anos de dominação marxista" na Fundação; ii) da circulação no ambiente digital desse acontecimento e de outras notícias a ele associadas; e iii) do recorte de falas do atual presidente da Fundação Palmares, auto-intitulado "negro de direita", e reprodutor de discursos conservadores, de direita e revisionistas. Nossos gestos de interpretação, efetuados a partir das noções de lugar de enunciação, porta-voz e memória, nos permitem identificar o funcionamento da des-localizacão do sujeito enunciador que, por sua vez, produz um efeito de embaralhamento dos lugares enunciativos, oscilando entre o lugar institucional e o um lugar pessoal/individual, entre o público e o privado. Trata-se de uma posição que tanto nega o racismo estrutural da formação social brasileira quanto o esvazia de sentido ao universalizá-lo.