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O livre deslocar-se de um lugar a outro sempre foi algo importante para os povos africanos. Isso não significa culturas sem fronteiras, sejam elas físicas ou simbólicas. O cultivo da mobilidade é praticado desde tempos imemoriais, configurando-se um dos preceitos que orientam as experiências socioculturais da África. Esta reflexão encontra motivações no pensamento de Achille Mbembe, em suas considerações sobre as aspirações africanas, uma delas a de mover-se sem amarras em um mundo que ao longo da história impôs a esses povos um passado de escravização e um presente ainda marcado pelo confinamento. No sentido de realçar as aspirações de deslocar-se livremente pela Terra, mas também as dificuldades em concretizá-las, este artigo estabelece conexões entre as atuais migrações africanas e as antigas práticas culturais de deslocamento cultivadas na África, buscando suscitar um debate sobre o direito de ir e vir dos povos daquele continente.