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“Eu sou o presidente": Os ditos, os não- ditos e os re-ditos na política de Estados brasileira em tempos de pandemia
A crise sanitária, política e econômica decorrente do COVID-19 deu visibilidade às contradições que permeiam o discurso político e as relações entre sujeitos, os quais nem mesmo diante de uma pandemia conseguem deixar em segundo plano a luta por lugares de poder e de fala. Nosso objetivo é explicitar os processos de produção de sentidos que constituem o discurso do presidente da República, em tempos de pandemia, num espaço de litígio, nos embates com o discurso produzido pelo ministro da Saúde, em março e abril de 2020, a partir do que circulou nas mídias digitais. Trata-se do desafio de analisar o discurso no tempo presente, assumindo os riscos que esta empreitada carrega em si mesma. Diante deste presente em que os sujeitos, em seus discursos, se contradizem/se mostram/se escondem, sinalizando para o retorno do mesmo em ditos, não-ditos e re-ditos, identificamos, pela mobilização do dispositivo teórico-metodológico da Análise de Discurso Pecheuxtiana, que a inscrição dos sujeitos prioritariamente na mesma formação discursiva não garante o sucesso da coalisão. De fato, as análises demonstram que eles militam em posições distintas, um assumindo a defesa do isolamento vertical e outro o isolamento horizontal, promovendo a contradição, o antagonismo insustentável, a ruptura.