F. Picanço, Clara Maria de Oliveira Araújo, Maira Covre Sussai
{"title":"巴西按性别和肤色划分的性别角色和家务分工:对不平等的其他看法","authors":"F. Picanço, Clara Maria de Oliveira Araújo, Maira Covre Sussai","doi":"10.20947/s0102-3098a0177","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A adesão ao modelo tradicional de família nunca foi uniforme. Estudos sobre famílias negras nos EUA e no Caribe, por exemplo, mostram que as mulheres negras são menos propensas do que as brancas a oficializarem o casamento, são menos dependentes dos seus cônjuges e, do ponto de vista das atitudes, homens e mulheres afro-americanos tendem a ser mais tolerantes com mães que trabalham e mais igualitários em relação aos papéis de gênero. As diferenças são atribuídas aos constrangimentos socioeconômicos experimentados historicamente e às saídas construídas para lidar com eles. E no Brasil? O artigo aplica modelos de regressão linear múltipla para analisar os dados do survey Gênero, Família e Trabalho a partir das percepções em relação aos papéis de gênero, às práticas de divisão do trabalho doméstico entre os membros do casal e ao conflito na articulação trabalho reprodutivo (casa) e trabalho remunerado (trabalho) segundo gênero e raça. Os resultados apontam que, em relação às percepções sobre os papéis de gênero, as mulheres brancas são as mais igualitárias. Essa adesão cresce com a escolaridade e diminui com maior número de filhos e presença de cônjuge. Já os homens negros são os menos igualitários e essa assimetria é reduzida pela idade e maior número de filhos. Na divisão do trabalho, os homens negros são os mais igualitários e a adesão à igualdade aumenta com a escolaridade e com percepções mais igualitárias de papéis de gênero, enquanto as mulheres negras reportam relações menos simétricas, mas a simetria cresce com a escolaridade. Quanto ao conflito casa-trabalho, as mulheres negras declaram mais cansaço do que as brancas, mas este se reduz com a escolaridade e a presença de cônjuge.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-11-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"5","resultStr":"{\"title\":\"Papéis de gênero e divisão das tarefas domésticas segundo gênero e cor no Brasil: outros olhares sobre as desigualdades\",\"authors\":\"F. Picanço, Clara Maria de Oliveira Araújo, Maira Covre Sussai\",\"doi\":\"10.20947/s0102-3098a0177\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"A adesão ao modelo tradicional de família nunca foi uniforme. Estudos sobre famílias negras nos EUA e no Caribe, por exemplo, mostram que as mulheres negras são menos propensas do que as brancas a oficializarem o casamento, são menos dependentes dos seus cônjuges e, do ponto de vista das atitudes, homens e mulheres afro-americanos tendem a ser mais tolerantes com mães que trabalham e mais igualitários em relação aos papéis de gênero. As diferenças são atribuídas aos constrangimentos socioeconômicos experimentados historicamente e às saídas construídas para lidar com eles. E no Brasil? O artigo aplica modelos de regressão linear múltipla para analisar os dados do survey Gênero, Família e Trabalho a partir das percepções em relação aos papéis de gênero, às práticas de divisão do trabalho doméstico entre os membros do casal e ao conflito na articulação trabalho reprodutivo (casa) e trabalho remunerado (trabalho) segundo gênero e raça. Os resultados apontam que, em relação às percepções sobre os papéis de gênero, as mulheres brancas são as mais igualitárias. Essa adesão cresce com a escolaridade e diminui com maior número de filhos e presença de cônjuge. Já os homens negros são os menos igualitários e essa assimetria é reduzida pela idade e maior número de filhos. Na divisão do trabalho, os homens negros são os mais igualitários e a adesão à igualdade aumenta com a escolaridade e com percepções mais igualitárias de papéis de gênero, enquanto as mulheres negras reportam relações menos simétricas, mas a simetria cresce com a escolaridade. Quanto ao conflito casa-trabalho, as mulheres negras declaram mais cansaço do que as brancas, mas este se reduz com a escolaridade e a presença de cônjuge.\",\"PeriodicalId\":34910,\"journal\":{\"name\":\"Revista Brasileira de Estudos de Populacao\",\"volume\":\"1 1\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2021-11-05\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"5\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Brasileira de Estudos de Populacao\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0177\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"Q2\",\"JCRName\":\"Social Sciences\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0177","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q2","JCRName":"Social Sciences","Score":null,"Total":0}
Papéis de gênero e divisão das tarefas domésticas segundo gênero e cor no Brasil: outros olhares sobre as desigualdades
A adesão ao modelo tradicional de família nunca foi uniforme. Estudos sobre famílias negras nos EUA e no Caribe, por exemplo, mostram que as mulheres negras são menos propensas do que as brancas a oficializarem o casamento, são menos dependentes dos seus cônjuges e, do ponto de vista das atitudes, homens e mulheres afro-americanos tendem a ser mais tolerantes com mães que trabalham e mais igualitários em relação aos papéis de gênero. As diferenças são atribuídas aos constrangimentos socioeconômicos experimentados historicamente e às saídas construídas para lidar com eles. E no Brasil? O artigo aplica modelos de regressão linear múltipla para analisar os dados do survey Gênero, Família e Trabalho a partir das percepções em relação aos papéis de gênero, às práticas de divisão do trabalho doméstico entre os membros do casal e ao conflito na articulação trabalho reprodutivo (casa) e trabalho remunerado (trabalho) segundo gênero e raça. Os resultados apontam que, em relação às percepções sobre os papéis de gênero, as mulheres brancas são as mais igualitárias. Essa adesão cresce com a escolaridade e diminui com maior número de filhos e presença de cônjuge. Já os homens negros são os menos igualitários e essa assimetria é reduzida pela idade e maior número de filhos. Na divisão do trabalho, os homens negros são os mais igualitários e a adesão à igualdade aumenta com a escolaridade e com percepções mais igualitárias de papéis de gênero, enquanto as mulheres negras reportam relações menos simétricas, mas a simetria cresce com a escolaridade. Quanto ao conflito casa-trabalho, as mulheres negras declaram mais cansaço do que as brancas, mas este se reduz com a escolaridade e a presença de cônjuge.
期刊介绍:
A Revista Brasileira de Estudos de População (Rebep) é o único periódico de âmbito nacional voltado exclusivamente para assuntos populacionais. Seu objetivo precípuo, desde sua criação, é estimular e difundir a produção brasileira no campo da demografia e dos Estudos de População e garantir o diálogo entre este campo e áreas afins.