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A hipotese e que ao se adotar o conceito de acao politica como exclusiva participacao em instituicoes e governos se esta, nao apenas a reforcar a politica como algo pertencente a um lugar (locus), mas a limitar o sentido radical de arte politica. Entre as conclusoes observa-se que a construcao teorica brasileira, ao menos o que foi publicado em revistas confessamente feministas e de genero, nos ultimos quinze anos, nao contemplou outros matizes de atos e acoes politicas, limitando-se a conceber a participacao e acao politica das mulheres como participacao em instâncias de governos ou instituicoes. Apesar dos avancos em se politizar questoes tradicionalmente vistas como nao politicas, a exemplo da reproducao e sexualidade e da violencia domestica, a participacao das mulheres, mesmo nestes temas, so e vista como politica se ocorre dentro dos padroes tradicionais de um locus previamente eleito como legitimo. Observa-se que o sentido da arte politica nao foi revisitado. Por esta perspectiva tradicional, politica assume um papel heteronomo e mediado e nao autonomo. Mantem-se, assim, a politica como algo de um locus: a polis; so que agora uma polis secular, estatizada e jurisdicizada e perde-se, com isso, a percepcao da politica como uma capacidade dos sujeitos, ou seja, como liberdade e arte.","PeriodicalId":42602,"journal":{"name":"Revista Genero & Direito","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2015-06-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"ENTRE A AÇÃO POLÍTICA DAS MULHERES E A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA POLÍTICA: O QUE ESTAMOS NEGLIGENCIANDO?\",\"authors\":\"Samantha Buglione, Bruna Anziliero\",\"doi\":\"10.18351/2179-7137/ged.2015n1p36-60\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O presente estudo analisa a participacao politica das mulheres a partir de uma distincao entre acao politica e participacao na politica. 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Entre as conclusoes observa-se que a construcao teorica brasileira, ao menos o que foi publicado em revistas confessamente feministas e de genero, nos ultimos quinze anos, nao contemplou outros matizes de atos e acoes politicas, limitando-se a conceber a participacao e acao politica das mulheres como participacao em instâncias de governos ou instituicoes. Apesar dos avancos em se politizar questoes tradicionalmente vistas como nao politicas, a exemplo da reproducao e sexualidade e da violencia domestica, a participacao das mulheres, mesmo nestes temas, so e vista como politica se ocorre dentro dos padroes tradicionais de um locus previamente eleito como legitimo. Observa-se que o sentido da arte politica nao foi revisitado. Por esta perspectiva tradicional, politica assume um papel heteronomo e mediado e nao autonomo. 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ENTRE A AÇÃO POLÍTICA DAS MULHERES E A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA POLÍTICA: O QUE ESTAMOS NEGLIGENCIANDO?
O presente estudo analisa a participacao politica das mulheres a partir de uma distincao entre acao politica e participacao na politica. O primeiro sentido, o de acao politica, esta, neste estudo, vinculado a autores como Maquiavel, Arendt e Agamben, enquanto o segundo, o de participacao na politica, vincula-se e destaca o locus da concepcao aristotelica e a estatizacao que ocorreu na modernidade. Para realizar a pesquisa fizemos um levantamento junto as duas revistas academicas mais antigas de genero e feminismo no Brasil: Cadernos PAGU e Revista Estudos Feministas. O marco teorico e o conceito de politica como liberdade. Por essa razao, tanto o ato quanto a acao politica, estariam para alem da participacao em governos, estados, instituicoes e movimentos. A hipotese e que ao se adotar o conceito de acao politica como exclusiva participacao em instituicoes e governos se esta, nao apenas a reforcar a politica como algo pertencente a um lugar (locus), mas a limitar o sentido radical de arte politica. Entre as conclusoes observa-se que a construcao teorica brasileira, ao menos o que foi publicado em revistas confessamente feministas e de genero, nos ultimos quinze anos, nao contemplou outros matizes de atos e acoes politicas, limitando-se a conceber a participacao e acao politica das mulheres como participacao em instâncias de governos ou instituicoes. Apesar dos avancos em se politizar questoes tradicionalmente vistas como nao politicas, a exemplo da reproducao e sexualidade e da violencia domestica, a participacao das mulheres, mesmo nestes temas, so e vista como politica se ocorre dentro dos padroes tradicionais de um locus previamente eleito como legitimo. Observa-se que o sentido da arte politica nao foi revisitado. Por esta perspectiva tradicional, politica assume um papel heteronomo e mediado e nao autonomo. Mantem-se, assim, a politica como algo de um locus: a polis; so que agora uma polis secular, estatizada e jurisdicizada e perde-se, com isso, a percepcao da politica como uma capacidade dos sujeitos, ou seja, como liberdade e arte.