Madalena Campos Cirne, D. Menezes, Carlos Eduardo de Moraes Honorato
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De caráter qualitativo, o percurso de pesquisa foi conduzido por meio de dois recursos metodológicos: o relato de experiência, referente à trajetória de uma das autoras no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ), e a metodologia caso traçador ou usuário-guia. O trabalho de cuidar de pessoas expostas à necropolítica exige um posicionamento ético dos trabalhadores de saúde mental de engendrar processos de resistências e produção de vida. Pela radicalidade que é vivenciá-la, a violência comparece como um elemento dificultador desse trabalho para os profissionais, fazendo com que, diante do desamparo, por vezes utilizem lógicas disciplinares para conseguir lidar com esse fenômeno. Propõe-se abordar as cenas nomeadas como violentas nos Caps com base na noção de situação-limite, retirando a situação da malha de sentidos que acompanha a palavra e remete a práticas disciplinares e ao contexto da violência urbana. Essa mudança de paradigma abre a possibilidade de que os trabalhadores se incluam nas situações, as entendam como relacionadas à complexidade e à singularidade da existência das pessoas envolvidas e, assim, proponham soluções produtoras de vida.","PeriodicalId":30355,"journal":{"name":"Psicologia Ciencia e Profissao","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-03-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Situação-Limite: Por Outro Olhar sobre a Violência em um Caps AD\",\"authors\":\"Madalena Campos Cirne, D. 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Situação-Limite: Por Outro Olhar sobre a Violência em um Caps AD
Resumo Este relato de experiência, situado no campo do cuidado a pessoas usuárias de álcool e outras drogas em contextos marcados por violência, tem como objetivo explorar os limites, desafios e caminhos possíveis, em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD III), para a sustentação de um cuidado orientado pela compreensão das pessoas usuárias do Caps a partir da sua existência, sofrimento e relação com o corpo social, mesmo diante de comportamentos tidos como violentos. De caráter qualitativo, o percurso de pesquisa foi conduzido por meio de dois recursos metodológicos: o relato de experiência, referente à trajetória de uma das autoras no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ), e a metodologia caso traçador ou usuário-guia. O trabalho de cuidar de pessoas expostas à necropolítica exige um posicionamento ético dos trabalhadores de saúde mental de engendrar processos de resistências e produção de vida. Pela radicalidade que é vivenciá-la, a violência comparece como um elemento dificultador desse trabalho para os profissionais, fazendo com que, diante do desamparo, por vezes utilizem lógicas disciplinares para conseguir lidar com esse fenômeno. Propõe-se abordar as cenas nomeadas como violentas nos Caps com base na noção de situação-limite, retirando a situação da malha de sentidos que acompanha a palavra e remete a práticas disciplinares e ao contexto da violência urbana. Essa mudança de paradigma abre a possibilidade de que os trabalhadores se incluam nas situações, as entendam como relacionadas à complexidade e à singularidade da existência das pessoas envolvidas e, assim, proponham soluções produtoras de vida.