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Nos anos 60 e até ao período de transição democrática em Portugal (1974-1976), as relações diplomáticas entre Roma e Lisboa foram utilizadas pelos partidos italianos como arma de ataque político. Durante o Estado Novo, o Partido Comunista Italiano (PCI) e o Partido Socialista Italiano (PSI) usam-nas para atacar o Partido da Democracia-cristã (PDC), líder das sucessivas alianças governativas de centro-esquerda formadas, desde 1963, entre os partidos do centro e os socialistas. O objetivo era aprofundar a abertura à esquerda. Durante a transição democrática, a possibilidade de o PCI entrar no Governo devido à sua base eleitoral leva o PDC e o PSI a utilizar a radicalização de esquerda da revolução portuguesa para enfraquecer a popularidade dos comunistas, acusando-os de quererem instalar em Itália um regime ditatorial estalinista, tal como o Partido Comunista Português, com o qual mantinham estreitas ligações, fazia em Portugal. Simultaneamente, o PCI recorria aos acontecimentos portugueses para pressionar a Democracia-cristã a aceitar uma aliança governativa com os comunistas, chamada compromisso histórico.