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ANOS SESSENTA, UTOPIA E QUOTIDIANO: PROCESSOS DISRUPTIVOS
O número 27 da PpA visa reflectir sobre as palavras e obras de uma geração de arquitectos que viveu intensamente as contradições e mudanças —ideológicas, sociais e culturais— que marcaram a década de sessenta do século XX. Numa época de grande pressão demográfica e territorial, mas também de prodigioso desenvolvimento tecnológico —de que a exploração espacial era expressão eloquente—, os arquitectos procuraram soluções visionárias de um futuro mais ou menos distante, passíveis de responder aos problemas de organização urbana e do habitat, num ambiente quotidiano em crescente alienação. Os ensaios aqui reunidos pretendem inquirir sobre os métodos e discursos através dos quais os arquitectos reequacionaram os dilemas disciplinares e as tensões geradas pela crise dos modelos de cidade e de habitação colectiva. Das visões idealistas à crueza do mercado, da retórica do debate às figuras polarizadoras, dos sistemas modulares à produção de megaestruturas urbanas, os temas tratados funcionam como pontos de entrada muito distintos para a indagação sobre os processos disruptivos na arquitectura e cidade deste período