Gênero na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica do Brasil

O debate sobre a equidade de gênero tem tido destaque nos estudos educacionais e observa-se avanços nessa pauta. Contudo, o setor público carece de estudos sobre o tema. Embora o acesso a cargos públicos não discrimine por gênero, há predominância masculina nos espaços de poder, no gerenciamento de pessoas nos Institutos Federais de Educação Técnica e Tecnológica. Nesse estudo, investiga-se a ocupação feminina em cargos de direção (CD-1 e CD-2) a partir de um estudo descritivo, tendo como base o Painel Estatístico de Pessoal do Poder Executivo Federal do Brasil. Os resultados revelam que há quase três vezes mais homens exercendo CD-1 no país do que mulheres na mesma função. A desigualdade é ainda maior na ocupação de CD-2, onde 23% desses são ocupados por mulheres, enquanto 77% são desempenhados por homens. Esse contexto ratifica os estudos do sociólogo Pierre Bourdieu quanto à violência simbólica, traduzida na naturalização da dominação masculina, que atribui lugares sociais mais ou menos afeitos ao perfil feminino e, em última instância, acabam por alijar mulheres dos espaços de poder e prestígio nesses espaços educacionais historicamente construídos por homens.