{"title":"乐观与沉默","authors":"Júlia Boor Nequete","doi":"10.26512/EMTEMPOS.V1I38.37184","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O presente artigo tem como objetivo explorar as violências simbólicas produzidas pela difusão do otimismo pela propaganda oficial da ditadura civil-militar brasileira, através do mecanismo do silenciamento. Ao lado do crescimento do aparato repressivo estatal, houve também um processo de construção de imagens legitimadoras do Estado estabelecido após o golpe de 1964. Neste sentido, a ditadura fez uso de órgãos que pudessem edificar e fazer circular imagens favoráveis ao projeto nacional que estava em jogo, vinculando a estas imagens importantes aspectos da chamada Doutrina de Segurança Nacional (DSN). Além da AERP (Assessoria Especial de Relações Públicas), houve o crescente uso da Agência Nacional (AN) enquanto órgão responsável pela realização de sua propaganda política, através dos cinejornais e documentários. Desta forma, a ditadura civil-militar investiu em criar imagens sobre o país através do otimismo e da promoção da ideia de “Brasil Grande”, ressignificando imagens que já estavam presentes no imaginário social brasileiro de acordo com a sua visão de projeto político nacional e nas premissas da DSN. Para esta imagem sobre o país ser construída, a questão da Amazônia, uma questão histórica nacional, é de suma importäncia, sobretudo, para a integração nacional, tema caro aos militares. Este tema ganhou grande destaque com a construção da rodovia Transamazônica, através da qual o regime construiu e alimentou narrativas otimistas sobre os rumos nacionais e, sobretudo, elaborou imagens legitimadoras de si. Através da Análise Fílmica pudemos analisar o universo simbólico construído através das representações da Amazônia e da Transamazônica, que nos evidenciam como os silenciamentos que a ditadura promoveu sobre o país corresponderam a uma ferramenta que promoveu, entre otimismo e silenciamentos, violências simbólicas à própria sociedade brasileira e, neste caso, principalmente às comunidades indígenas locais.","PeriodicalId":30228,"journal":{"name":"Em Tempo de Historias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-06-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Otimismo e silenciamento\",\"authors\":\"Júlia Boor Nequete\",\"doi\":\"10.26512/EMTEMPOS.V1I38.37184\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O presente artigo tem como objetivo explorar as violências simbólicas produzidas pela difusão do otimismo pela propaganda oficial da ditadura civil-militar brasileira, através do mecanismo do silenciamento. Ao lado do crescimento do aparato repressivo estatal, houve também um processo de construção de imagens legitimadoras do Estado estabelecido após o golpe de 1964. Neste sentido, a ditadura fez uso de órgãos que pudessem edificar e fazer circular imagens favoráveis ao projeto nacional que estava em jogo, vinculando a estas imagens importantes aspectos da chamada Doutrina de Segurança Nacional (DSN). Além da AERP (Assessoria Especial de Relações Públicas), houve o crescente uso da Agência Nacional (AN) enquanto órgão responsável pela realização de sua propaganda política, através dos cinejornais e documentários. Desta forma, a ditadura civil-militar investiu em criar imagens sobre o país através do otimismo e da promoção da ideia de “Brasil Grande”, ressignificando imagens que já estavam presentes no imaginário social brasileiro de acordo com a sua visão de projeto político nacional e nas premissas da DSN. Para esta imagem sobre o país ser construída, a questão da Amazônia, uma questão histórica nacional, é de suma importäncia, sobretudo, para a integração nacional, tema caro aos militares. Este tema ganhou grande destaque com a construção da rodovia Transamazônica, através da qual o regime construiu e alimentou narrativas otimistas sobre os rumos nacionais e, sobretudo, elaborou imagens legitimadoras de si. Através da Análise Fílmica pudemos analisar o universo simbólico construído através das representações da Amazônia e da Transamazônica, que nos evidenciam como os silenciamentos que a ditadura promoveu sobre o país corresponderam a uma ferramenta que promoveu, entre otimismo e silenciamentos, violências simbólicas à própria sociedade brasileira e, neste caso, principalmente às comunidades indígenas locais.\",\"PeriodicalId\":30228,\"journal\":{\"name\":\"Em Tempo de Historias\",\"volume\":\" \",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2021-06-25\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Em Tempo de Historias\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.26512/EMTEMPOS.V1I38.37184\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Em Tempo de Historias","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.26512/EMTEMPOS.V1I38.37184","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
O presente artigo tem como objetivo explorar as violências simbólicas produzidas pela difusão do otimismo pela propaganda oficial da ditadura civil-militar brasileira, através do mecanismo do silenciamento. Ao lado do crescimento do aparato repressivo estatal, houve também um processo de construção de imagens legitimadoras do Estado estabelecido após o golpe de 1964. Neste sentido, a ditadura fez uso de órgãos que pudessem edificar e fazer circular imagens favoráveis ao projeto nacional que estava em jogo, vinculando a estas imagens importantes aspectos da chamada Doutrina de Segurança Nacional (DSN). Além da AERP (Assessoria Especial de Relações Públicas), houve o crescente uso da Agência Nacional (AN) enquanto órgão responsável pela realização de sua propaganda política, através dos cinejornais e documentários. Desta forma, a ditadura civil-militar investiu em criar imagens sobre o país através do otimismo e da promoção da ideia de “Brasil Grande”, ressignificando imagens que já estavam presentes no imaginário social brasileiro de acordo com a sua visão de projeto político nacional e nas premissas da DSN. Para esta imagem sobre o país ser construída, a questão da Amazônia, uma questão histórica nacional, é de suma importäncia, sobretudo, para a integração nacional, tema caro aos militares. Este tema ganhou grande destaque com a construção da rodovia Transamazônica, através da qual o regime construiu e alimentou narrativas otimistas sobre os rumos nacionais e, sobretudo, elaborou imagens legitimadoras de si. Através da Análise Fílmica pudemos analisar o universo simbólico construído através das representações da Amazônia e da Transamazônica, que nos evidenciam como os silenciamentos que a ditadura promoveu sobre o país corresponderam a uma ferramenta que promoveu, entre otimismo e silenciamentos, violências simbólicas à própria sociedade brasileira e, neste caso, principalmente às comunidades indígenas locais.