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Fenomenologia da imprensa. Friedrich Nietzsche e os jornais
Resumo: No labirinto hermenêutico do pensamento de Nietzsche, ainda falta um capítulo dedicado à reconstrução de sua reflexão acerca da imprensa moderna. Mas, passando em revista seus escritos, pode-se notar como a crítica mordaz aos jornais acompanha-lhe ao longo de todas as fases de sua vida. O jornalismo sempre está na mira de suas visadas polêmicas, haja vista que, para ele, representa um tema realmente sócio-cultural. O filósofo dá provas de ser um observador acurado das influências do jornalismo sobre a cultura e a sociedade de sua época: seu olhar oscila entre considerações teóricas a respeito da relação cultura/sociedade e observações fenomenologicamente mais concretas acerca da influência da media sobre o dia-a-dia de seus contemporâneos. Trata-se de uma batalha que atravessa sua vida inteira, mas que é composto, lamentavelmente, por um material quantitativamente limitado, prenhe de rancor pessoal: tudo aquilo que Nietzsche nos legou acerca do mundo jornalístico acha-se disperso sob a forma de passagens concisas, cujo tom, quase sempre, é excessivo. No entanto, essa fragmentação e esse pathos convertem-se no único caminho rumo à reconstrução da polêmica nietzschiana em relação a imprensa escrita. Mas, ainda que fugazes, esses elementos parecem fornecer uma imagem de Nietzsche como alguém assaz consciente da frequente convergência entre a vivência da modernidade e a experiência com jornais. A extemporaneidade de tal encontro revela a “interseção fenomenológica” de um aspecto fundamental da modernidade, o qual ainda permanece extremante relevante e problemático.