{"title":"男孩比女人更爱他","authors":"Fernanda Israel Pio, Gabriele Cornelli","doi":"10.14195/2183-1718_81_3","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Neste artigo apresentamos uma interpretação ao discurso de Fedro do Banquete platônico, um dos menos trabalhados pela tradição interpretativa. Analisamos inserção das três personagens: Alceste, Orfeu e Aquiles, na estrutura do discurso. Alceste uma mulher que morre para que o marido Admeto continue vivo, Orfeu que não tendo coragem de morrer por Eurídice invade o Hades usando artifícios e Aquiles que segue Pátroclo na morte. Compreendemos então o olhar favorável reservado a Aquiles no discurso. Nossa interpretação explora questões relativas à pederastia e marca no texto a diferença entre referências específicas a essa instituição e simples referências a amantes e amados, essas últimas mais amplas. Amplas ao ponto de inserir, como amante, numa fala marcada por referências a contextos em que figuram exclusivamente homens, a personagem Alceste. Fedro apresenta a variável do olhar do parceiro um elemento intensificador do repúdio às coisas repugnantes e da ambição pelas coisas belas, mecanismo característico da relação erótica e fundamental para sua coesão. O ápice da manifestação de Eros seria morrer pelo outro. A posição de eromenos na relação pederástica e o fato de ter morrido quando Pátroclo já estava morto são elementos que diferenciam a narrativa de Aquiles da de Alceste. Apesar de terem morrido por quem amavam, Aquiles, um menino, o fez sem que estivesse sob o olhar do outro. Nossa leitura permite, ao verificar meandros da fala e Fedro, compreender o extraordinário benefício concedido pelos deuses ao eromenos Aquiles neste que é o primeiro dos discursos do Banquete. ","PeriodicalId":40399,"journal":{"name":"Humanitas-Portugal","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2023-06-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"O menino amou melhor que uma mulher\",\"authors\":\"Fernanda Israel Pio, Gabriele Cornelli\",\"doi\":\"10.14195/2183-1718_81_3\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Neste artigo apresentamos uma interpretação ao discurso de Fedro do Banquete platônico, um dos menos trabalhados pela tradição interpretativa. Analisamos inserção das três personagens: Alceste, Orfeu e Aquiles, na estrutura do discurso. Alceste uma mulher que morre para que o marido Admeto continue vivo, Orfeu que não tendo coragem de morrer por Eurídice invade o Hades usando artifícios e Aquiles que segue Pátroclo na morte. Compreendemos então o olhar favorável reservado a Aquiles no discurso. Nossa interpretação explora questões relativas à pederastia e marca no texto a diferença entre referências específicas a essa instituição e simples referências a amantes e amados, essas últimas mais amplas. Amplas ao ponto de inserir, como amante, numa fala marcada por referências a contextos em que figuram exclusivamente homens, a personagem Alceste. Fedro apresenta a variável do olhar do parceiro um elemento intensificador do repúdio às coisas repugnantes e da ambição pelas coisas belas, mecanismo característico da relação erótica e fundamental para sua coesão. O ápice da manifestação de Eros seria morrer pelo outro. A posição de eromenos na relação pederástica e o fato de ter morrido quando Pátroclo já estava morto são elementos que diferenciam a narrativa de Aquiles da de Alceste. Apesar de terem morrido por quem amavam, Aquiles, um menino, o fez sem que estivesse sob o olhar do outro. Nossa leitura permite, ao verificar meandros da fala e Fedro, compreender o extraordinário benefício concedido pelos deuses ao eromenos Aquiles neste que é o primeiro dos discursos do Banquete. \",\"PeriodicalId\":40399,\"journal\":{\"name\":\"Humanitas-Portugal\",\"volume\":\" \",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.1000,\"publicationDate\":\"2023-06-20\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Humanitas-Portugal\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.14195/2183-1718_81_3\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"0\",\"JCRName\":\"CLASSICS\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Humanitas-Portugal","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.14195/2183-1718_81_3","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"CLASSICS","Score":null,"Total":0}
Neste artigo apresentamos uma interpretação ao discurso de Fedro do Banquete platônico, um dos menos trabalhados pela tradição interpretativa. Analisamos inserção das três personagens: Alceste, Orfeu e Aquiles, na estrutura do discurso. Alceste uma mulher que morre para que o marido Admeto continue vivo, Orfeu que não tendo coragem de morrer por Eurídice invade o Hades usando artifícios e Aquiles que segue Pátroclo na morte. Compreendemos então o olhar favorável reservado a Aquiles no discurso. Nossa interpretação explora questões relativas à pederastia e marca no texto a diferença entre referências específicas a essa instituição e simples referências a amantes e amados, essas últimas mais amplas. Amplas ao ponto de inserir, como amante, numa fala marcada por referências a contextos em que figuram exclusivamente homens, a personagem Alceste. Fedro apresenta a variável do olhar do parceiro um elemento intensificador do repúdio às coisas repugnantes e da ambição pelas coisas belas, mecanismo característico da relação erótica e fundamental para sua coesão. O ápice da manifestação de Eros seria morrer pelo outro. A posição de eromenos na relação pederástica e o fato de ter morrido quando Pátroclo já estava morto são elementos que diferenciam a narrativa de Aquiles da de Alceste. Apesar de terem morrido por quem amavam, Aquiles, um menino, o fez sem que estivesse sob o olhar do outro. Nossa leitura permite, ao verificar meandros da fala e Fedro, compreender o extraordinário benefício concedido pelos deuses ao eromenos Aquiles neste que é o primeiro dos discursos do Banquete.