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Durante a campanha eleitoral de 2018 e ao longo do seu mandato, o presidente Jair Bolsonaro usou várias vezes a palavra laicidade, reconhecendo ser ela um dispositivo legal da sociedade brasileira. No entanto, o emprego da palavra laicidade veio sempre acompanhado da palavra cristianismo, mostrando que na lógica do presidente esta última se revela preeminente em relação à primeira. Este texto anuncia pistas para mostrar que a referência cristã evidenciada pelo presidente consiste no cristianismo conservador e, em última instância, no segmento evangélico conservador, com o qual mantém forte alinhamento político e religioso. Assim sendo, é aqui argumentado, por um lado, que Bolsonaro navega nas águas do reconhecimento do princípio constitucional de regulação do religioso que prevê a dissociação do campo político e do campo religioso sem, todavia, impedir aproximações e mesmo imbricações entre eles. Mas, por outro lado, que Bolsonaro, não sem interesses, introduz reconfigurações importantes na histórica laicidade brasileira, como o exagero em apelar ao transcendente; a exacerbação do estreitamento da relação entre Estado e religião; e o empenho em aprofundar sua aliança com o segmento evangélico conservador, razão pela qual pode-se dizer que estamos vivendo na atualidade tempos de “laicidade à Bolsonaro”.