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Partindo dos estudos de Michel Foucault sobre a análise de discursos, este artigo problematiza o modo como são produzidos e disseminados os discursos acerca das favelas do Rio de Janeiro. Desde sua expansão no final do século XIX as favelas cariocas têm sido associadas a locais de criminalidade, perigo e foco de doenças. Desconstruindo a ideia de que a falta de infraestrutura e a pouca oferta de serviços nesses territórios seriam falhas na atuação do Estado, o texto discute como a propagação destes discursos tem moldado a relação da sociedade com as favelas e com seus moradores. Como estratégia de enfrentamento a estes processos de subjetivação, grupos de moradores de favelas têm encontrado nas ações coletivas a força para sobreviver. Como exemplo desses movimentos de luta, este artigo apresenta um projeto desenvolvido por moradores do Complexo de Favelas de Manguinhos que tem permitido com que as crianças ressignifiquem as dores e os medos provocados pelo constante clima de violência presente no local que vivem, assegurando-lhes um espaço para brincar em paz.