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Este artigo procura desenhar os primeiros parâmetros do que, no decorrer desta pesquisa em curso, estamos chamando de “dificuldade da poesia”. Para isso, toma-se como ponto de partida a reflexão crítica sobre o conceito de “resistência” formulado por Alfredo Bosi nos anos 1970. Busca-se demonstrar que o funcionamento do conceito bosiano de resistência depende de uma dupla projeção: de um lado, tendo perdido a sua capacidade de “nomear a vida”, o poema resistente, ou lido sob a chave da “poesia enquanto resistência”, projeta-se sobre a imagem do que o autor chama de “unidade mítica perdida” da poesia; de outro, instalando-se em um “presente aberto”, o poema resistente profetiza um “futuro promissor”. A partir de uma análise da conjuntura política e ideológica do Brasil de hoje e, de modo mais amplo, do capitalismo contemporâneo, este artigo recorre às obras de três poetas brasileiros contemporâneos para defender a hipótese de que este mecanismo de dupla projeção já não encontra lugar hoje, razão que nos leva a procurar definir os impasses da poesia contemporânea a partir não da ideia de “resistência”, mas da proposição do conceito de “dificuldade”, cujas delimitações teóricas esta pesquisa tem por objetivo estabelecer.