José Petrúcio de Farias Júnior, Gizeli da Conceição Lima
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Hannah Arendt e a antiguidade clássica: reflexões sobre os usos da concepção de liberdade em Aristóteles
Objetivamos, neste artigo, analisar os filtros de leitura de Hannah Arendt sobre a democracia ateniense, mais precisamente sobre a concepção de liberdade aristotélica em ‘A constituição de Atenas’. O estudo aqui apresentado se insere no âmbito de investigações sobre os usos do passado clássico, como dispositivo discursivo útil à reflexão de questões contemporâneas. No caso em apreço, preocupamo-nos em compreender em que medida a concepção de liberdade de Aristóteles, apropriada por Hannah Arendt, contribui para que a filósofa aprimore suas reflexões sobre a relação entre política, poder e liberdade, tendo em vista as circunstâncias político-culturais em que está inserida. Sendo assim, a pesquisa justifica-se pela necessidade de aprofundarmos a discussão sobre os usos do passado clássico na filosofia contemporânea, uma vez que percebemos referências recorrentes de filósofos contemporâneos europeus, sobretudo de escolas francesas e germânicas, à literatura greco-romana. A partir dessa perspectiva, faz-se necessário, ao longo de nossas reflexões, pontuar a relevância do pensamento aristotélico para Hannah Arendt no que diz respeito à construção de um olhar sobre a concepção de liberdade entre os atenienses, que permita indagar o cenário político no qual estava inserida.