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O tempo agora é moeda: de Balzac a Graciliano Ramos
A frase “tempo é dinheiro” torna-se muito comum a partir do século XVIII com a Revolução Industrial. Os donos de fábricas passaram a controlar o tempo e a propagar a ideia de que seu uso deveria ser feito com a máxima eficiência para evitar desperdícios. No século XIX, com o surgimento da classe burguesa, o controle e a disciplina do tempo tornam-se valores fundamentais. Junta-se à nova percepção temporal uma forma mais democrática e horizontal no tratamento das pessoas inaugurada pela Revolução Francesa. A partir desse momento, a fixidez de papéis sociais se dilui e o povo passa de objeto a sujeito da história. Consequentemente, surge uma nova concepção de identidade, que se torna mais fragmentada, e, ao mesmo tempo, mais subordinada às ações do sujeito do que à vida social. Todos esses temas perpassam a obra de Balzac. Pretende-se demonstrar, neste artigo, que São Bernardo, de Graciliano Ramos, seria um modelo reduzido que comprimiria tanto o romance do século XIX quanto o romance do século XX, por retomar daquele certos temas principais, como o self-made man e os impasses da mobilidade social, e deste a tensão do efeito corrosivo do tempo.