从内部看健康创新

Gazeta Medica Pub Date : 2022-03-31 DOI:10.29315/gm.v9i1.595
Pedro Pita Barros, Filipa Breia da Fonseca, António Bensabat Rendas
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Esta falta de alinhamento entre a prática corrente e a inovação, venha de onde vier, é muito menos frequentenos chamados países anglo-saxónicos onde existe uma cultura de inovação institucional que tem raízes numa forma mais aberta e organizada de gerar e utilizar o conhecimento para benefício da sociedade. \nO papel das instituições na criação de valor económico e social a partir do conhecimento tem sido pouco estudado entre nós na área da saúde. \nRecentemente, finalizamos um projeto que analisou, através de um inquérito aplicado a gestores de topo de instituições da área da saúde, como se desenvolve o processo de tomada de decisão que conduz ao aparecimento de inovações com impacto económico e social. Utilizámos como base o modelo proposto por Thakur et al (2012),1 publicado no Journal of Business Research, e tomámos igualmente em conta a análise das inovações consideradas mais promissoras em saúde identificadas no Global Innovation Index (Creating Healthy Lives – The Future of Medical Innovation), 2019. \nA realização deste trabalho, cujos resultados centrais são agora disponibilizados em livro,2 só foi possível graças a uma cooperação entre o Health Cluster Portugal (HCP), associação que engloba mais de uma centena de organizações ligadas à saúde e o Health Economics & Management Knowledge Center da Nova School of Business & Economics. Esta partilha entre o saber e a experiência de gestores de topo dos vários subclusters do HCP (instituições de investigação ou ensino e formação; prestadores de cuidados; empresas farmacêuticas; empresas de tecnologias médicas; empresas e organizações de consultoria; empresas de outras áreas (logística, distribuição, têxtil e mobiliário) e a academia, possibilitou, através da análise das entrevistas e posterior tratamento com uma metodologia cientificamente validada, a identificação de percursos muitas vezes surpreendentes, mas sempre encorajadores. \nAs entrevistas seguiram a aplicação de um guião estruturado, construído em torno de cinco dimensões centrais ao processo de inovação: criação de ideias inovadoras, processo de tomada de decisão para as viabilizar, implementação, avaliação e aprendizagem interna para a geração de novas ideias e inovações. \nPretendemos, desta forma, contribuir para o desenvolvimento de uma cultura nacional de inovação nas múltiplas áreas da saúde agora que já passámos, em Portugal, o período em que inovar era “trazer novidades” para o nosso país, divulgá-las e, quando possível, muitas vezes “contraventos e marés”, aplicá-las numa pequena escala. Esse período, quase heroico, fez, e ainda faz, com que oportunidades importantes fiquem por explorar e que muitas inovações nunca cheguem a fazer parte do nosso quotidiano. \nA abordagem seguida no projeto pretende identificar como a inovação na saúde é vista pelos decisores institucionais e como ocorre todo o processo dentro da respetiva organização. Das múltiplas experiências partilhadas identificam-se padrões. Estes padrões permitem compreender não só os sucessos, mas também as razões dos insucessos. Para os leitores que estejam em entidades do sector da saúde, esperamos que a leitura deixe o desafio de contextualizar a sua organização face às perguntas que colocamos. Este esforço insere-se numa procura do que poderia ser não só um sistema nacional de inovação, mas também como se poderá promover em cada instituição, uma cultura estável e continuada de inovação não só top down como bottom up. \nDestacam-se, a nosso ver, três grandes temas das perguntas feitas e das respostas obtidas: como se internaliza institucionalmente uma inovação para guiar as decisões que a viabilizam, qual o papel da liderança institucional nesse processo e como se podem escalar essas inovações, a nível nacional e internacional. A principal conclusão é a inexistência de soluções padrão uma vez que cada projeto inovador é uma situação com singularidades próprias necessitando de um enquadramento institucional próprio para ser bem-sucedido. Compreender os princípios base, e estabelecer o próprio caminho é a receita, aproveitando ainda assim o conhecimento de como as dificuldades foram ultrapassadas noutros contextos. \nO objetivo de analisar o processo de inovação na saúde numa perspetiva institucional e não do utilizador, ou das políticas públicas, permitiu constatar que os entrevistados, decisores de instituições públicas e privadas, dominam amplamente o tema e identificam obstáculos que parecem resultar de uma ausência de um sistema nacional de inovação da saúde, englobando todos os intervenientes, isto apesar das iniciativas da COTEC, ANI e, mais recentemente, da AICIB. Esta falha de um referencial sistémico nacional para a inovação em saúde, impede, provavelmente, que as próprias empresas, organizações e instituições envolvidas possam fazer pleno uso dos recursos internos de que dispõem. A mobilização de recursos externos, mas internos a Portugal, é uma dificuldade apontada para um maior sucesso da inovação em saúde. Em particular surgem referências aos constrangimentos económicos, burocráticos e de recursos humanos que nem a contratação de consultores externos especializados aparenta ajudar. As entrevistas realizadas corroboram uma opiniãogeneralizada de décadas, de elevados «custos de contexto» em Portugal. Significa que se houve caminho que foi feito no sentido de reduzir esses custos de contexto, muito mais ainda está por fazer. Não sendo propriamente novidade, reforça a necessidade de manter uma atenção constante a este fator, pois nem mesmo as empresas com maior sucesso o conseguem evitar. \nFica também a convicção de que, se o sistema nacional de inovação em saúde existisse, as instituições seriam capazes de responder com maior sucesso, como aliás já fazem, nalguns casos, a nível internacional. \nÉ ainda generalizado o entendimento de haver inovações incrementais ou disruptivas, que podem ser de produto, serviço ou processo. O conceito de inovação é também muitas vezes associado a um elemento que se vai melhorando e que muitas vezes se transforma de novo sendo que a convicção de grande parte dos entrevistados vai no sentido de que a inovação, economicamente viável, tem de envolver soluções que melhorem a prestação dos cuidados de saúde. Este estudo demonstra, pela voz dos próprios agentes que promovem a inovação em saúde, que há ainda um caminho a percorrer para que, em Portugal, as diversas formas de inovação possam ser consideradas elementos estruturantes da prestação dos cuidados de saúde e, simultaneamente, atrativas como “investimento e subsequente fonte de receitas” para as instituições envolvidas. \nPara concluir será ainda de realçar a diferença entre instituições públicas e privadas, em que para as primeiras a ideia de singrar no mercado com inovações está limitada pela sua escassa autonomia, por exemplo na área da contratualização, o que as leva a perderem oportunidades de afirmar o sector público da saúde como gerador de valor económico. Isto conduz a que não haja formas sistemáticas de fazer essa ligação entre inovações desenvolvidas no sector público e o mercado privado que sejam vantajosas para todos, incluindo para quem beneficiaria de melhores cuidados de saúde. \nREFERÊNCIAS1. Thakur R, Hsu SH, Fontenot G. Innovation in healthcare: Issues and future trends. J Business Res. 2012;65:562-9. doi: 10.1016/j.jbusres. 2011.02.022.2. Breia da Fonseca FP, Pita Barros P, Bensabat Rendas A. Inovação em saúde por quem a pratica. 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Utilizámos como base o modelo proposto por Thakur et al (2012),1 publicado no Journal of Business Research, e tomámos igualmente em conta a análise das inovações consideradas mais promissoras em saúde identificadas no Global Innovation Index (Creating Healthy Lives – The Future of Medical Innovation), 2019. \\nA realização deste trabalho, cujos resultados centrais são agora disponibilizados em livro,2 só foi possível graças a uma cooperação entre o Health Cluster Portugal (HCP), associação que engloba mais de uma centena de organizações ligadas à saúde e o Health Economics & Management Knowledge Center da Nova School of Business & Economics. Esta partilha entre o saber e a experiência de gestores de topo dos vários subclusters do HCP (instituições de investigação ou ensino e formação; prestadores de cuidados; empresas farmacêuticas; empresas de tecnologias médicas; empresas e organizações de consultoria; empresas de outras áreas (logística, distribuição, têxtil e mobiliário) e a academia, possibilitou, através da análise das entrevistas e posterior tratamento com uma metodologia cientificamente validada, a identificação de percursos muitas vezes surpreendentes, mas sempre encorajadores. \\nAs entrevistas seguiram a aplicação de um guião estruturado, construído em torno de cinco dimensões centrais ao processo de inovação: criação de ideias inovadoras, processo de tomada de decisão para as viabilizar, implementação, avaliação e aprendizagem interna para a geração de novas ideias e inovações. \\nPretendemos, desta forma, contribuir para o desenvolvimento de uma cultura nacional de inovação nas múltiplas áreas da saúde agora que já passámos, em Portugal, o período em que inovar era “trazer novidades” para o nosso país, divulgá-las e, quando possível, muitas vezes “contraventos e marés”, aplicá-las numa pequena escala. Esse período, quase heroico, fez, e ainda faz, com que oportunidades importantes fiquem por explorar e que muitas inovações nunca cheguem a fazer parte do nosso quotidiano. \\nA abordagem seguida no projeto pretende identificar como a inovação na saúde é vista pelos decisores institucionais e como ocorre todo o processo dentro da respetiva organização. Das múltiplas experiências partilhadas identificam-se padrões. Estes padrões permitem compreender não só os sucessos, mas também as razões dos insucessos. Para os leitores que estejam em entidades do sector da saúde, esperamos que a leitura deixe o desafio de contextualizar a sua organização face às perguntas que colocamos. Este esforço insere-se numa procura do que poderia ser não só um sistema nacional de inovação, mas também como se poderá promover em cada instituição, uma cultura estável e continuada de inovação não só top down como bottom up. \\nDestacam-se, a nosso ver, três grandes temas das perguntas feitas e das respostas obtidas: como se internaliza institucionalmente uma inovação para guiar as decisões que a viabilizam, qual o papel da liderança institucional nesse processo e como se podem escalar essas inovações, a nível nacional e internacional. A principal conclusão é a inexistência de soluções padrão uma vez que cada projeto inovador é uma situação com singularidades próprias necessitando de um enquadramento institucional próprio para ser bem-sucedido. Compreender os princípios base, e estabelecer o próprio caminho é a receita, aproveitando ainda assim o conhecimento de como as dificuldades foram ultrapassadas noutros contextos. \\nO objetivo de analisar o processo de inovação na saúde numa perspetiva institucional e não do utilizador, ou das políticas públicas, permitiu constatar que os entrevistados, decisores de instituições públicas e privadas, dominam amplamente o tema e identificam obstáculos que parecem resultar de uma ausência de um sistema nacional de inovação da saúde, englobando todos os intervenientes, isto apesar das iniciativas da COTEC, ANI e, mais recentemente, da AICIB. Esta falha de um referencial sistémico nacional para a inovação em saúde, impede, provavelmente, que as próprias empresas, organizações e instituições envolvidas possam fazer pleno uso dos recursos internos de que dispõem. A mobilização de recursos externos, mas internos a Portugal, é uma dificuldade apontada para um maior sucesso da inovação em saúde. Em particular surgem referências aos constrangimentos económicos, burocráticos e de recursos humanos que nem a contratação de consultores externos especializados aparenta ajudar. As entrevistas realizadas corroboram uma opiniãogeneralizada de décadas, de elevados «custos de contexto» em Portugal. Significa que se houve caminho que foi feito no sentido de reduzir esses custos de contexto, muito mais ainda está por fazer. Não sendo propriamente novidade, reforça a necessidade de manter uma atenção constante a este fator, pois nem mesmo as empresas com maior sucesso o conseguem evitar. \\nFica também a convicção de que, se o sistema nacional de inovação em saúde existisse, as instituições seriam capazes de responder com maior sucesso, como aliás já fazem, nalguns casos, a nível internacional. \\nÉ ainda generalizado o entendimento de haver inovações incrementais ou disruptivas, que podem ser de produto, serviço ou processo. O conceito de inovação é também muitas vezes associado a um elemento que se vai melhorando e que muitas vezes se transforma de novo sendo que a convicção de grande parte dos entrevistados vai no sentido de que a inovação, economicamente viável, tem de envolver soluções que melhorem a prestação dos cuidados de saúde. Este estudo demonstra, pela voz dos próprios agentes que promovem a inovação em saúde, que há ainda um caminho a percorrer para que, em Portugal, as diversas formas de inovação possam ser consideradas elementos estruturantes da prestação dos cuidados de saúde e, simultaneamente, atrativas como “investimento e subsequente fonte de receitas” para as instituições envolvidas. \\nPara concluir será ainda de realçar a diferença entre instituições públicas e privadas, em que para as primeiras a ideia de singrar no mercado com inovações está limitada pela sua escassa autonomia, por exemplo na área da contratualização, o que as leva a perderem oportunidades de afirmar o sector público da saúde como gerador de valor económico. 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摘要

在葡萄牙和许多欧洲国家,卫生专业人员的日常实践与他们工作的组织中经常出现的创新举措之间往往缺乏协调。在所谓的盎格鲁撒克逊国家,无论创新来自哪里,当前实践与创新之间缺乏一致性的情况都要少得多,因为那里的制度创新文化植根于一种更开放、更有组织的方式,为社会创造和利用知识。我们在卫生领域很少研究机构在利用知识创造经济和社会价值方面的作用。最近,我们完成了一个项目,通过对卫生机构高级管理人员的调查,分析了决策过程是如何发展的,从而导致具有经济和社会影响的创新的出现。我们使用了Thakur等人(2012)提出的模型,1发表在《商业研究杂志》上,还考虑了对2019年全球创新指数(创造健康生活-医疗创新的未来)中确定的最有前景的健康创新的分析。这项工作的核心成果现在可以在一本书中找到,2这要归功于葡萄牙健康集群(HCP)和诺瓦商业经济学院健康经济与管理知识中心之间的合作,HCP是一个包括100多个健康相关组织的协会。HCP各子集群(研究或教育和培训机构;护理提供者;制药公司;医疗技术公司;咨询公司和组织;其他领域(物流、分销、纺织和家具)和学术界的高级管理人员的知识和经验共享,使,通过对访谈的分析和随后采用科学验证的方法论进行治疗,发现路径往往令人惊讶,但总是令人鼓舞。采访采用了结构化的脚本,围绕创新过程的五个核心维度构建:创新想法的创造、实现创新想法的决策过程、实施、评估和内部学习,以产生新想法和创新。通过这种方式,我们打算为在多个卫生领域发展民族创新文化做出贡献,因为我们已经在葡萄牙度过了创新为我国“带来新闻”、传播新闻的时期,并且在可能的情况下,通常是“逆风和潮流”,小规模应用这些新闻。这段近乎英雄的时期意味着,而且现在仍然如此,重要的机会仍未被探索,许多创新从未成为我们日常生活的一部分。该项目采用的方法旨在确定机构决策者如何看待卫生创新,以及整个过程如何在各自组织内发生。从多种共同的经验中,可以识别出模式。这些模式不仅让我们了解成功,也让我们了解失败的原因。对于在卫生部门实体中的读者,我们希望阅读能够在面对我们提出的问题时,将您的组织背景化。这项努力是探索国家创新体系的一部分,也是探索如何在每个机构中促进稳定和持续的创新文化——不仅自上而下,而且自下而上。我们认为,提出的问题和获得的答案有三个主要主题:如何从制度上内化创新,以指导实现创新的决策,制度领导在这一过程中的作用是什么,以及如何在国家和国际层面扩大这些创新。主要结论是缺乏标准的解决方案,因为每个创新项目都有自己的独特性,需要自己的制度框架才能取得成功。了解基本原则,建立自己的道路是诀窍,同时利用在其他情况下如何克服困难的知识。从制度角度而不是用户或公共政策的角度分析卫生创新过程的目的,使我们能够验证受访者,即公共和私营机构的决策者,在很大程度上主导了这一主题,并确定了似乎是由于缺乏国家卫生创新体系而造成的障碍,尽管COTEC、ANI以及最近的AICIB提出了倡议,但所有利益相关者都参与其中。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
A Inovação em Saúde Vista por Dentro
Existe com frequência, em Portugal e em muitos países europeus, uma falta de articulação entre a prática diária dos profissionais da saúde e as iniciativas rotuladas como inovadoras que muitas vezes ocorrem nas próprias organizações onde trabalham. Esta falta de alinhamento entre a prática corrente e a inovação, venha de onde vier, é muito menos frequentenos chamados países anglo-saxónicos onde existe uma cultura de inovação institucional que tem raízes numa forma mais aberta e organizada de gerar e utilizar o conhecimento para benefício da sociedade. O papel das instituições na criação de valor económico e social a partir do conhecimento tem sido pouco estudado entre nós na área da saúde. Recentemente, finalizamos um projeto que analisou, através de um inquérito aplicado a gestores de topo de instituições da área da saúde, como se desenvolve o processo de tomada de decisão que conduz ao aparecimento de inovações com impacto económico e social. Utilizámos como base o modelo proposto por Thakur et al (2012),1 publicado no Journal of Business Research, e tomámos igualmente em conta a análise das inovações consideradas mais promissoras em saúde identificadas no Global Innovation Index (Creating Healthy Lives – The Future of Medical Innovation), 2019. A realização deste trabalho, cujos resultados centrais são agora disponibilizados em livro,2 só foi possível graças a uma cooperação entre o Health Cluster Portugal (HCP), associação que engloba mais de uma centena de organizações ligadas à saúde e o Health Economics & Management Knowledge Center da Nova School of Business & Economics. Esta partilha entre o saber e a experiência de gestores de topo dos vários subclusters do HCP (instituições de investigação ou ensino e formação; prestadores de cuidados; empresas farmacêuticas; empresas de tecnologias médicas; empresas e organizações de consultoria; empresas de outras áreas (logística, distribuição, têxtil e mobiliário) e a academia, possibilitou, através da análise das entrevistas e posterior tratamento com uma metodologia cientificamente validada, a identificação de percursos muitas vezes surpreendentes, mas sempre encorajadores. As entrevistas seguiram a aplicação de um guião estruturado, construído em torno de cinco dimensões centrais ao processo de inovação: criação de ideias inovadoras, processo de tomada de decisão para as viabilizar, implementação, avaliação e aprendizagem interna para a geração de novas ideias e inovações. Pretendemos, desta forma, contribuir para o desenvolvimento de uma cultura nacional de inovação nas múltiplas áreas da saúde agora que já passámos, em Portugal, o período em que inovar era “trazer novidades” para o nosso país, divulgá-las e, quando possível, muitas vezes “contraventos e marés”, aplicá-las numa pequena escala. Esse período, quase heroico, fez, e ainda faz, com que oportunidades importantes fiquem por explorar e que muitas inovações nunca cheguem a fazer parte do nosso quotidiano. A abordagem seguida no projeto pretende identificar como a inovação na saúde é vista pelos decisores institucionais e como ocorre todo o processo dentro da respetiva organização. Das múltiplas experiências partilhadas identificam-se padrões. Estes padrões permitem compreender não só os sucessos, mas também as razões dos insucessos. Para os leitores que estejam em entidades do sector da saúde, esperamos que a leitura deixe o desafio de contextualizar a sua organização face às perguntas que colocamos. Este esforço insere-se numa procura do que poderia ser não só um sistema nacional de inovação, mas também como se poderá promover em cada instituição, uma cultura estável e continuada de inovação não só top down como bottom up. Destacam-se, a nosso ver, três grandes temas das perguntas feitas e das respostas obtidas: como se internaliza institucionalmente uma inovação para guiar as decisões que a viabilizam, qual o papel da liderança institucional nesse processo e como se podem escalar essas inovações, a nível nacional e internacional. A principal conclusão é a inexistência de soluções padrão uma vez que cada projeto inovador é uma situação com singularidades próprias necessitando de um enquadramento institucional próprio para ser bem-sucedido. Compreender os princípios base, e estabelecer o próprio caminho é a receita, aproveitando ainda assim o conhecimento de como as dificuldades foram ultrapassadas noutros contextos. O objetivo de analisar o processo de inovação na saúde numa perspetiva institucional e não do utilizador, ou das políticas públicas, permitiu constatar que os entrevistados, decisores de instituições públicas e privadas, dominam amplamente o tema e identificam obstáculos que parecem resultar de uma ausência de um sistema nacional de inovação da saúde, englobando todos os intervenientes, isto apesar das iniciativas da COTEC, ANI e, mais recentemente, da AICIB. Esta falha de um referencial sistémico nacional para a inovação em saúde, impede, provavelmente, que as próprias empresas, organizações e instituições envolvidas possam fazer pleno uso dos recursos internos de que dispõem. A mobilização de recursos externos, mas internos a Portugal, é uma dificuldade apontada para um maior sucesso da inovação em saúde. Em particular surgem referências aos constrangimentos económicos, burocráticos e de recursos humanos que nem a contratação de consultores externos especializados aparenta ajudar. As entrevistas realizadas corroboram uma opiniãogeneralizada de décadas, de elevados «custos de contexto» em Portugal. Significa que se houve caminho que foi feito no sentido de reduzir esses custos de contexto, muito mais ainda está por fazer. Não sendo propriamente novidade, reforça a necessidade de manter uma atenção constante a este fator, pois nem mesmo as empresas com maior sucesso o conseguem evitar. Fica também a convicção de que, se o sistema nacional de inovação em saúde existisse, as instituições seriam capazes de responder com maior sucesso, como aliás já fazem, nalguns casos, a nível internacional. É ainda generalizado o entendimento de haver inovações incrementais ou disruptivas, que podem ser de produto, serviço ou processo. O conceito de inovação é também muitas vezes associado a um elemento que se vai melhorando e que muitas vezes se transforma de novo sendo que a convicção de grande parte dos entrevistados vai no sentido de que a inovação, economicamente viável, tem de envolver soluções que melhorem a prestação dos cuidados de saúde. Este estudo demonstra, pela voz dos próprios agentes que promovem a inovação em saúde, que há ainda um caminho a percorrer para que, em Portugal, as diversas formas de inovação possam ser consideradas elementos estruturantes da prestação dos cuidados de saúde e, simultaneamente, atrativas como “investimento e subsequente fonte de receitas” para as instituições envolvidas. Para concluir será ainda de realçar a diferença entre instituições públicas e privadas, em que para as primeiras a ideia de singrar no mercado com inovações está limitada pela sua escassa autonomia, por exemplo na área da contratualização, o que as leva a perderem oportunidades de afirmar o sector público da saúde como gerador de valor económico. Isto conduz a que não haja formas sistemáticas de fazer essa ligação entre inovações desenvolvidas no sector público e o mercado privado que sejam vantajosas para todos, incluindo para quem beneficiaria de melhores cuidados de saúde. REFERÊNCIAS1. Thakur R, Hsu SH, Fontenot G. Innovation in healthcare: Issues and future trends. J Business Res. 2012;65:562-9. doi: 10.1016/j.jbusres. 2011.02.022.2. Breia da Fonseca FP, Pita Barros P, Bensabat Rendas A. Inovação em saúde por quem a pratica. Coimbra: Edições Almedina; 2022.
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