{"title":"Graciliano Ramos的《纪念监狱的尸体、验证和证词》","authors":"Gustavo Maciel de Oliveira","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2023.194360","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"No presente artigo, trataremos de uma questão referente à dimensão veridictória dos discursos, ainda a ser mais explorada em semiótica, a nosso ver: a imbricação (neutralização?) entre regimes subjetivos e objetivos de veridicção presente no discurso autobiográfico. Nossa discussão se dará a partir da obra Memórias do Cárcere (1953), de Graciliano Ramos, que traz inúmeras questões sobre o seu estatuto de “realidade”. Esse desiderato se dará em diálogo com autores como Jacques Fontanille, mormente em sua obra Corpo e sentido; Izidoro Blikstein, e sua noção de verdade subjetiva; e Wander Melo Miranda, em seu trabalho Corpos escritos, dedicado à temática na obra de Graciliano Ramos em estudo. O intento deste artigo é o de mostrar que a peculiaridade veridictória do texto do escritor alagoano é afirmada não pela via de uma enunciação objetivante (mais da ordem do “registro”, da adequação aos fatos), mas pela dimensão estética de sua obra, pela imbricação entre o memorial e o literário e pela força figurativa do sensível e da estesia. Esses elementos nos poriam em face de uma narração mais do devir de um sofrimento, do simulacro de quem “sentiu na pele” a dor, do que de um relato documental dos acontecimentos vividos na cadeia.","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-04-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Corpo, veridicção e testemunho em Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos\",\"authors\":\"Gustavo Maciel de Oliveira\",\"doi\":\"10.11606/issn.1980-4016.esse.2023.194360\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"No presente artigo, trataremos de uma questão referente à dimensão veridictória dos discursos, ainda a ser mais explorada em semiótica, a nosso ver: a imbricação (neutralização?) entre regimes subjetivos e objetivos de veridicção presente no discurso autobiográfico. Nossa discussão se dará a partir da obra Memórias do Cárcere (1953), de Graciliano Ramos, que traz inúmeras questões sobre o seu estatuto de “realidade”. Esse desiderato se dará em diálogo com autores como Jacques Fontanille, mormente em sua obra Corpo e sentido; Izidoro Blikstein, e sua noção de verdade subjetiva; e Wander Melo Miranda, em seu trabalho Corpos escritos, dedicado à temática na obra de Graciliano Ramos em estudo. O intento deste artigo é o de mostrar que a peculiaridade veridictória do texto do escritor alagoano é afirmada não pela via de uma enunciação objetivante (mais da ordem do “registro”, da adequação aos fatos), mas pela dimensão estética de sua obra, pela imbricação entre o memorial e o literário e pela força figurativa do sensível e da estesia. Esses elementos nos poriam em face de uma narração mais do devir de um sofrimento, do simulacro de quem “sentiu na pele” a dor, do que de um relato documental dos acontecimentos vividos na cadeia.\",\"PeriodicalId\":30062,\"journal\":{\"name\":\"Estudos Semioticos\",\"volume\":\" \",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-04-27\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Estudos Semioticos\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2023.194360\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Estudos Semioticos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2023.194360","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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摘要
在这篇文章中,我们将处理一个与话语的确证维度有关的问题,在我们看来,这个问题仍有待符号学的进一步探索:自传体话语中存在的确证的主观制度和目标之间的叠瓦(中和?)。我们的讨论将从Graciliano Ramos的作品Memórias do Cárcere(1953)开始,该作品提出了许多关于其“现实”地位的问题。这种渴望将发生在与雅克·丰塔尼勒等作家的对话中,尤其是在他的作品《身体与感觉》中;伊齐多罗·布利克斯坦和他的主观真理观;和Wander Melo Miranda,在他的作品Corpos escritos中,致力于Graciliano Ramos正在研究的作品中的主题。这篇文章的目的是表明,阿拉贡作家文本的真实性特征不是通过客观化的阐述(更多的是“记录”的顺序,对事实的充分性)来确认的,而是通过他的作品的美学维度,通过纪念与文学之间的叠瓦,以及感性与美感的具象力量来确认的。这些元素将使我们面临一种叙事,更多的是一种痛苦的形成,那些“感觉到”痛苦的人的模拟,而不是对监狱中经历的事件的纪录片描述。
Corpo, veridicção e testemunho em Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos
No presente artigo, trataremos de uma questão referente à dimensão veridictória dos discursos, ainda a ser mais explorada em semiótica, a nosso ver: a imbricação (neutralização?) entre regimes subjetivos e objetivos de veridicção presente no discurso autobiográfico. Nossa discussão se dará a partir da obra Memórias do Cárcere (1953), de Graciliano Ramos, que traz inúmeras questões sobre o seu estatuto de “realidade”. Esse desiderato se dará em diálogo com autores como Jacques Fontanille, mormente em sua obra Corpo e sentido; Izidoro Blikstein, e sua noção de verdade subjetiva; e Wander Melo Miranda, em seu trabalho Corpos escritos, dedicado à temática na obra de Graciliano Ramos em estudo. O intento deste artigo é o de mostrar que a peculiaridade veridictória do texto do escritor alagoano é afirmada não pela via de uma enunciação objetivante (mais da ordem do “registro”, da adequação aos fatos), mas pela dimensão estética de sua obra, pela imbricação entre o memorial e o literário e pela força figurativa do sensível e da estesia. Esses elementos nos poriam em face de uma narração mais do devir de um sofrimento, do simulacro de quem “sentiu na pele” a dor, do que de um relato documental dos acontecimentos vividos na cadeia.