{"title":"重读伤疤,收集痕迹:joao Carlos deode的三个叙事中破碎的记忆","authors":"Dênis Moura de Quadros","doi":"10.17058/signo.v48i92.18224","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Ao nos debruçarmos sobre a marcas traumáticas deixadas na memória dos perseguidos e torturados pela ditadura brasileira de 1964, percebemos que grande parte dessas memórias ou foram publicadas em forma de narrativas com teor testemunhal ou recuperadas pela Comissão da Verdade (2011-2014) em seus relatórios publicados em 2014. Contudo, ainda há lacunas, sobretudo acerca de um recorte racial e afro-religioso. É, então, a partir dessa lacuna que analisamos três narrativas de João Carlos Deodé (1948-2009): “Yemanjá quer falar contigo”; “O que Yemanjá queria falar comigo”; e “A tanga do Gabeira” em que o narrador rememora a perseguição, a tortura, as marcas deixadas no corpo e as cicatrizes da memória. Para tanto, utilizamos para pensarmos essa memória traumática os estudos de Beatriz Sarlo (2007); Jean-Marie Gangnebin (2006); Paul Ricœur (2007); Régine Robin (2016); e Márcio Seligman-Silva (2003). Ainda, por se tratar de narrativas afro-gaúchas, trazemos ao centro do debate as considerações religiosas a partir de discussões de Jacqueline Britto Pólvora (1996); José Ricardo da Costa (2016); e Pedro Ari Oro (2010). Por fim, percebemos que as redes engendradas pelo Batuque do Rio Grande do Sul, além de permitirem a sobrevivência de Deodé, desvelam a resistência contra o Regime Militar.","PeriodicalId":30243,"journal":{"name":"Signo","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-07-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Relendo cicatrizes, recolhendo rastros: memória fraturada em três narrativas de João Carlos Deodé\",\"authors\":\"Dênis Moura de Quadros\",\"doi\":\"10.17058/signo.v48i92.18224\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Ao nos debruçarmos sobre a marcas traumáticas deixadas na memória dos perseguidos e torturados pela ditadura brasileira de 1964, percebemos que grande parte dessas memórias ou foram publicadas em forma de narrativas com teor testemunhal ou recuperadas pela Comissão da Verdade (2011-2014) em seus relatórios publicados em 2014. Contudo, ainda há lacunas, sobretudo acerca de um recorte racial e afro-religioso. É, então, a partir dessa lacuna que analisamos três narrativas de João Carlos Deodé (1948-2009): “Yemanjá quer falar contigo”; “O que Yemanjá queria falar comigo”; e “A tanga do Gabeira” em que o narrador rememora a perseguição, a tortura, as marcas deixadas no corpo e as cicatrizes da memória. Para tanto, utilizamos para pensarmos essa memória traumática os estudos de Beatriz Sarlo (2007); Jean-Marie Gangnebin (2006); Paul Ricœur (2007); Régine Robin (2016); e Márcio Seligman-Silva (2003). Ainda, por se tratar de narrativas afro-gaúchas, trazemos ao centro do debate as considerações religiosas a partir de discussões de Jacqueline Britto Pólvora (1996); José Ricardo da Costa (2016); e Pedro Ari Oro (2010). Por fim, percebemos que as redes engendradas pelo Batuque do Rio Grande do Sul, além de permitirem a sobrevivência de Deodé, desvelam a resistência contra o Regime Militar.\",\"PeriodicalId\":30243,\"journal\":{\"name\":\"Signo\",\"volume\":\" \",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-07-01\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Signo\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.17058/signo.v48i92.18224\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Signo","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.17058/signo.v48i92.18224","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
摘要
当我们看到1964年巴西独裁政权迫害和折磨那些人的记忆中留下的创伤痕迹时,我们意识到这些记忆大多要么以证言的形式发表,要么由真相委员会(2011-2014年)在2014年发表的报告中恢复。然而,仍然存在差距,特别是在种族和非洲宗教方面。正是从这个差距中,我们分析了若昂·卡洛斯·迪奥德(1948-2009)的三个叙事:“叶曼贾想和你说话”;“Yemanjá想和我说什么”;在《加贝拉探戈》中,叙述者回忆起了迫害、折磨、留在身上的痕迹和记忆的伤痕。因此,我们用Beatriz Sarlo(2007)的研究来思考这种创伤记忆;让-马里·冈内宾(2006年);Paul Ricœur(2007);Régine Robin(2016);和Márcio Seligman Silva(2003年)。尽管如此,因为这是非洲高乔叙事,我们将杰奎琳·布里托·佩尔沃拉(1996)的讨论中的宗教考虑带到了辩论的中心;JoséRicardo da Costa(2016);和Pedro Ari Oro(2010)。最后,我们意识到,南里奥格兰德州巴图奎建立的网络,除了允许迪奥德的生存之外,还揭示了对军事政权的抵抗。
Relendo cicatrizes, recolhendo rastros: memória fraturada em três narrativas de João Carlos Deodé
Ao nos debruçarmos sobre a marcas traumáticas deixadas na memória dos perseguidos e torturados pela ditadura brasileira de 1964, percebemos que grande parte dessas memórias ou foram publicadas em forma de narrativas com teor testemunhal ou recuperadas pela Comissão da Verdade (2011-2014) em seus relatórios publicados em 2014. Contudo, ainda há lacunas, sobretudo acerca de um recorte racial e afro-religioso. É, então, a partir dessa lacuna que analisamos três narrativas de João Carlos Deodé (1948-2009): “Yemanjá quer falar contigo”; “O que Yemanjá queria falar comigo”; e “A tanga do Gabeira” em que o narrador rememora a perseguição, a tortura, as marcas deixadas no corpo e as cicatrizes da memória. Para tanto, utilizamos para pensarmos essa memória traumática os estudos de Beatriz Sarlo (2007); Jean-Marie Gangnebin (2006); Paul Ricœur (2007); Régine Robin (2016); e Márcio Seligman-Silva (2003). Ainda, por se tratar de narrativas afro-gaúchas, trazemos ao centro do debate as considerações religiosas a partir de discussões de Jacqueline Britto Pólvora (1996); José Ricardo da Costa (2016); e Pedro Ari Oro (2010). Por fim, percebemos que as redes engendradas pelo Batuque do Rio Grande do Sul, além de permitirem a sobrevivência de Deodé, desvelam a resistência contra o Regime Militar.