Considerações sobre a dinâmica paleoambiental a partir da análise de depósitos de tanque no Sítio Paleontológico Jirau, município de Itapipoca (CE)

Os depósitos de tanque constituem pequenos corpos sedimentares de idade quaternária que preenchem os tanques naturais em afloramentos rochosos, em especial, lajedos e domos, na região semiárida do Nordeste do Brasil. Esses depósitos são, na maior parte das vezes, sedimentos siliciclásticos estratificados e, eventualmente, fossilíferos, preservando restos de uma diversificada megafauna pré-histórica que habitou a área durante o Pleistoceno Final - Holoceno Inicial. No presente trabalho, o depósito que preenche o interior do tanque natural fossilífero Jirau 01, no Sítio Paleontológico Jirau - município de Itapipoca (CE), corresponde ao principal alvo de investigação. A análise de amostras coletadas em campo indica que a dinâmica deposicional relaciona-se a atuação de diversos fatores que influenciaram os processos superficiais e o transporte de sedimentos em distintas escalas espaço-temporais. Há evidências de pulsos erosivo- deposicionais, sobretudo, de eventos referentes a remobilização de mantos de alteração - decorrentes do intemperismo físico-químico no entorno do sítio paleontológico - e de lascas de descamação em estado saprolítico na parede lateral do tanque que proveram parte do material sedimentar do depósito de tanque. Esta discussão subsidia, mesmo ao nível de escala local, na compreensão da reconstituição geológica-geomorfológica e paleontológica do semiárido nordestino. Assim, a temática associada ao preenchimento dos tanques naturais constitui um capítulo importante sobre a Geomorfologia do Quaternário, em especial do semiárido brasileiro, uma vez que tais feições de relevo, quando completamente colmatadas, tendem a preservar informações sobre a dinâmica da paisagem e de seu entorno, auxiliando na reconstituição de parte do cenário paleoambiental.