Morfodinâmica da foz do Arroio Carahá em laguna costeira micromaré (Lagoa dos Patos, sul do Brasil)

O Arroio Carahá desemboca em uma enseada na margem oeste da Lagoa dos Patos, onde se observa a formação de uma barra arenosa que inviabiliza a navegação de barcos pesqueiros de pequeno porte pelo canal. O objetivo deste estudo é investigar os processos costeiros que envolvem o fechamento da foz do Arroio Carahá, e as condições naturais que permitem o passe sobre a barra. Através do georreferenciamento e da análise de imagens aéreas e de satélite de 1953, 1977 e 2010, foi realizado o estudo do comportamento da linha de costa, que indicou um acentuado processo de retração na margem ao norte da foz do arroio, com taxa média de 1,1 m/ano, e progradação na margem ao sul, com taxa média de 0,2 m/ano. Através da obtenção e tratamento de dados hidrodinâmicos e morfológicos da região, foi realizada a simulação dos processos costeiros na enseada com o software de modelagem numérica Delft-3D, utilizando os módulos de morfologia, hidrodinâmico e de ondas acoplados. Houve formação de uma zona de convergência de correntes (NE e SO) na região central da enseada, resultando no desenvolvimento da barra arenosa na foz do Arroio Carahá. As taxas médias de transporte sedimentar nos perfis da foz, ao norte e ao sul, atingiram 7,3 m3/ano/m, 9 m3/ano/m e 6,7 m3/ano/m, respectivamente, com predominância de transporte líquido para o sul. Após a formação da barra arenosa na foz e seu consequente fechamento, as condições de baixa energia hidrodinâmica da enseada e do canal não permitiram remobilizar os sedimentos depositados. O processo natural que poderá viabilizar a passagem de pequenas embarcações pelo canal está associado à elevação do nível d’água da Lagoa dos Patos.