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As palavras que os bebês não dizem: revisitando o problema da noção de “palavra” à luz da aquisição da linguagem
A caracterização da unidade “palavra” tem sido um dos problemas centrais das teorias em morfologia, e a falta de critérios consistentes para defini-la tem levado inclusive certos modelos teóricos (os modelos construcionistas) a abandonarem o estatuto especial dessa unidade e caracterizá-la como fruto de operações sintáticas – as mesmas empregadas para gerar sintagmas/sentenças. No bojo dessas considerações, este artigo tem por objetivo revisitar esse problema à luz de uma outra perspectiva: a da aquisição da linguagem. Mais especificamente, o presente trabalho, em um estudo que analisa corpora de fala de crianças adquirindo o PB, revisita os principais dilemas que a noção de “palavra” coloca para as teorias linguísticas bem como para as metodologias em aquisição da linguagem e discute o estatuto das unidades mínimas de produção da aquisição. Ao final, este estudo mostra que as palavras não são unidades linguísticas mínimas em nenhum nível e que, assim como a gramática do adulto, a criança se apoia em unidades menores; portanto, a intuição sobre “palavra” deve ser produto de algum outro fator.