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Analfabetismo, práticas de cura e população negra: uma análise da produção discursiva da imprensa brasileira na década de 1850
O artigo tem como objetivo analisar como, em meados do século XIX, são produzidas, na imprensa brasileira, associações entre analfabetismo, práticas de cura e a população negra. Do ponto de vista teórico-metodológico, o trabalho está baseado em estudos da História Cultural e da Análise do Discurso. Como principais fontes de pesquisa, mobilizamos a imprensa periódica e dicionários. Analisamos, particularmente, seis matérias publicadas em jornais do Rio de Janeiro e Pernambuco na década de 1850. Nos textos analisados, é possível visualizar as estratégias discursivas mobilizadas pelos autores de publicações veiculadas na imprensa para produzir efeitos nos possíveis leitores de que o sujeito analfabeto, pobre e negro é alguém que deveria ser excluído da marcha do progresso e da civilização. Os saberes de que eram portadores eram desqualificados e, muitas vezes, ridicularizados. Acrescentava-se a ideia de que os negros, por serem considerados semelhantes a animais e terem suas manifestações culturais e espirituais associadas mais diretamente à feitiçaria e à bruxaria, eram vinculados, de modo ainda mais estreito, à barbárie.