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Tempos de pandemia: Quando os frágeis sintomas de inclusão se transformam em sinais de exclusão
Esta narrativa considera as contradições entre os discursos de inclusão e as desigualdades sublinhadas pela pandemia. O relato baseia-se em informação recolhida, essencialmente, em textos na internet e em dados de um questionário distribuído em comunidades virtuais. Em Portugal, como noutros países, fecharam-se as escolas. As famílias foram confinadas em casa e a pandemia realçou, numa sociedade desigual, a exclusão. Em que pesem os comprometimentos com a educação inclusiva, em Portugal esta orquestra-se por retóricas e ambiguidades políticas e teóricas, com inevitáveis tensões nas práticas. Com o fechamento das escolas, embora reconhecido o esforço de todos os agentes, a carência de competências e conhecimentos e a falta de acessibilidade a recursos afetaram a ação e aumentaram a exclusão de alguns alunos. Após a euforia, percebeu-se que a educação a distância não assegurou a continuidade e equidade nas aprendizagens. A participação de alguns alunos, antes com frágeis sintomas de inclusão, denotou claros sinais de exclusão. Os riscos de pobreza aumentaram. As desigualdades no acesso aos recursos digitais e das competências de literacia digital dos alunos, dos restantes membros da família e mesmo dos professores tornaram-se visíveis. A educação encarada, numa lógica neoliberal, como mercadoria sujeita às leis de mercado fragiliza a ação das escolas, mas estas continuam a ser responsabilizadas para superar, sem recursos e preparação, os processos de exclusão a que muitos alunos estão sujeitos. A inclusão como processo colaborativo e articulado numa lógica horizontal e vertical apresenta-se mais pertinente.