{"title":"“悲剧之后”:从安蒂戈涅到现代性的丧痛,一个民主的问题。","authors":"Isadora Bonfim Nuto","doi":"10.5007/2176-8552.2019.e73744","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"No texto “Após a tragédia”, Jean-Luc Nancy diz que toda a história do Ocidente é um “após a tragédia” e, para ele, a tragédia é a perda por excelência, cujo retorno ou substituição já não se pode esperar. O autor também faz uma breve referência ao luto: ao tratar dos usos atuais da palavra “tragédia” para se referir à situação específica que sucede uma catástrofe, Nancy afirma que a tragédia evoca para nós uma situação na qual o luto não é possível ou torna-se infinito. Além disso, o autor faz uma conexão entre tragédia e democracia, apontando que não importa que reformas esta tente fazer, ela não se dará enquanto lhe faltar aquela. Nesse sentido, gostaríamos de pensar o luto como uma perda da modernidade, em relação com o qual também está a democracia e suas falhas, de forma que, nos esforços para a recuperação da tragédia, deve-se incluir também um esforço pela retomada do direito ao luto (e, consequentemente, à democracia). Para isso, será levada em consideração a peça Antígona, de Sófocles, a partir da reinvindicação de Antígona pelo sepultamento do irmão, e também a versão de Brecht da mesma peça, em que a suspensão da cena será pensada como a suspensão do luto. Nessa lógica, a filósofa Judith Butler também será evocada, ao afirmar que é o caráter de ser ou não enlutável que confere valor a uma vida, de forma que privar alguém do luto público significa também privá-lo da vida, ao considerá-la de menor valor.","PeriodicalId":31415,"journal":{"name":"Outra Travessia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-12-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"“Após a tragédia”: da Antígona ao luto perdido da modernidade, uma questão para a democracia.\",\"authors\":\"Isadora Bonfim Nuto\",\"doi\":\"10.5007/2176-8552.2019.e73744\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"No texto “Após a tragédia”, Jean-Luc Nancy diz que toda a história do Ocidente é um “após a tragédia” e, para ele, a tragédia é a perda por excelência, cujo retorno ou substituição já não se pode esperar. O autor também faz uma breve referência ao luto: ao tratar dos usos atuais da palavra “tragédia” para se referir à situação específica que sucede uma catástrofe, Nancy afirma que a tragédia evoca para nós uma situação na qual o luto não é possível ou torna-se infinito. Além disso, o autor faz uma conexão entre tragédia e democracia, apontando que não importa que reformas esta tente fazer, ela não se dará enquanto lhe faltar aquela. Nesse sentido, gostaríamos de pensar o luto como uma perda da modernidade, em relação com o qual também está a democracia e suas falhas, de forma que, nos esforços para a recuperação da tragédia, deve-se incluir também um esforço pela retomada do direito ao luto (e, consequentemente, à democracia). Para isso, será levada em consideração a peça Antígona, de Sófocles, a partir da reinvindicação de Antígona pelo sepultamento do irmão, e também a versão de Brecht da mesma peça, em que a suspensão da cena será pensada como a suspensão do luto. Nessa lógica, a filósofa Judith Butler também será evocada, ao afirmar que é o caráter de ser ou não enlutável que confere valor a uma vida, de forma que privar alguém do luto público significa também privá-lo da vida, ao considerá-la de menor valor.\",\"PeriodicalId\":31415,\"journal\":{\"name\":\"Outra Travessia\",\"volume\":\"1 1\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2020-12-14\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Outra Travessia\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.5007/2176-8552.2019.e73744\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Outra Travessia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5007/2176-8552.2019.e73744","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
“Após a tragédia”: da Antígona ao luto perdido da modernidade, uma questão para a democracia.
No texto “Após a tragédia”, Jean-Luc Nancy diz que toda a história do Ocidente é um “após a tragédia” e, para ele, a tragédia é a perda por excelência, cujo retorno ou substituição já não se pode esperar. O autor também faz uma breve referência ao luto: ao tratar dos usos atuais da palavra “tragédia” para se referir à situação específica que sucede uma catástrofe, Nancy afirma que a tragédia evoca para nós uma situação na qual o luto não é possível ou torna-se infinito. Além disso, o autor faz uma conexão entre tragédia e democracia, apontando que não importa que reformas esta tente fazer, ela não se dará enquanto lhe faltar aquela. Nesse sentido, gostaríamos de pensar o luto como uma perda da modernidade, em relação com o qual também está a democracia e suas falhas, de forma que, nos esforços para a recuperação da tragédia, deve-se incluir também um esforço pela retomada do direito ao luto (e, consequentemente, à democracia). Para isso, será levada em consideração a peça Antígona, de Sófocles, a partir da reinvindicação de Antígona pelo sepultamento do irmão, e também a versão de Brecht da mesma peça, em que a suspensão da cena será pensada como a suspensão do luto. Nessa lógica, a filósofa Judith Butler também será evocada, ao afirmar que é o caráter de ser ou não enlutável que confere valor a uma vida, de forma que privar alguém do luto público significa também privá-lo da vida, ao considerá-la de menor valor.