Falência ovariana prematura associada à Síndrome Poliglandular Autoimune: um relato de caso

Introdução: A falência ovariana prematura (FOP) é uma condição clínica rara caracterizada por insuficiência gonadal e níveis séricos do hormônio folículo-estimulante (FSH) elevados antes dos 40 anos de idade. O diagnóstico é feito por meio de duas dosagens de concentração de FSH altas e estradiol baixo. Relato de caso: K.B.N., 28 anos, feminino. Relata, em julho/2019, amenorreia de 8 meses desde interrupção do anticoncepcional, utilizado por 12 anos, por desejo de engravidar. Menarca aos 13 anos. Exame físico e índice de massa corporal (IMC) normais. Solicitados exames complementares, com resultados: hormônio anti-mulleriano (HAM) 0,02ng/mL, FSH 82,6mUl/mL, prolactina 15,1mg/mL e estradiol menor que 10ng/dL, levantando a hipótese diagnóstica de FOP. À ultrassonografia (USG) transvaginal, apresenta volume uterino normal e hipotrofia ovariana direita. Anticorpos anti-tireoglobulina positivos. Nova dosagem de FSH revela valor aumentado. USG evidenciou contagem de folículos antrais (CFA) de zero. Endocrinologista diagnosticou Síndrome Poliglandular Autoimune. Após duas tentativas de indução de ovulação com altas doses de citrato de clomifeno, não obteve resposta. Prescrição de estradiol em gel e progesterona natural micronizada e indicação para fertilização in vitro com doação de óvulos. Discussão: Embora a maioria dos casos de FOP seja idiopática, cerca de 20-30% se associam a processos autoimunes, como o presente caso. A investigação dessa condição depende da análise da história clínica em associação com exames secundários. Conclusão: A baixa incidência de FOP (0,1%) antes dos 30 anos de idade, com repercussões psicológicas, reprodutivas e sistêmicas, constitui patologia merecedora de alta atenção para estudo e diagnóstico.