Marcelo Marinho, Josemar de Campos Maciel, Anyie Lorena Cajamarca Torres
{"title":"吉马良斯-罗萨、拉丁美洲精神景观和 \"普世煎蛋\"","authors":"Marcelo Marinho, Josemar de Campos Maciel, Anyie Lorena Cajamarca Torres","doi":"10.15448/1984-7726.2024.1.45723","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O presente exercício de prospecção de possíveis oikos vindouros, assentados na intersecção entre poesia e as assim chamadas “plantas de força”, centra-se na análise do campo lexical da espiritualidade que emerge em Fita verde no cabelo, breve narrativa publicada por Guimarães Rosa em suplemento literário do jornal O Estado de São Paulo, no dia 8 de fevereiro de 1964, sob fatura de inocente versão adulta e transcultural de “Chapeuzinho Vermelho”. Com base na declaração do autor de que o conjunto de sua obra destina-se à preparação de um “omelete ecumênico”, examina-se a hipótese de que essa breve estória coloque em cena o ritual votivo da ayahuasca, preparado enteógeno de origem amazônica que, segundo indica a própria etimologia quéchua do termo, teria o condão de conectar os comungantes com o espírito de seus ancestrais (“aya” significa “espírito” ou “ancestral”, enquanto “huasca” significa “laço” ou “conexão”). Para tanto, prospectamos estudos científicos, depoimentos de xamãs e relatos de caso sobre as comunhões espirituais, nos quais se afirma que a ayahuasca promove a expansão da consciência e o alcance de experiências extáticas de natureza espiritual, do autoconhecimento individual a eventuais registros mediúnicos. Imagens e expressões do relato rosiano são então analisados em cotejo com a liturgia, os credos e os resultados de tal experiência espiritual de matriz ameríndia, a qual transcende a possibilidade de explicação por meio da razão, a “megera cartesiana” de que trata o médico e romancista mineiro.","PeriodicalId":506556,"journal":{"name":"Letras de Hoje","volume":"21 12","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-07-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Guimarães Rosa, paisagens espirituais latino-americanas e “omelete ecumênico”\",\"authors\":\"Marcelo Marinho, Josemar de Campos Maciel, Anyie Lorena Cajamarca Torres\",\"doi\":\"10.15448/1984-7726.2024.1.45723\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O presente exercício de prospecção de possíveis oikos vindouros, assentados na intersecção entre poesia e as assim chamadas “plantas de força”, centra-se na análise do campo lexical da espiritualidade que emerge em Fita verde no cabelo, breve narrativa publicada por Guimarães Rosa em suplemento literário do jornal O Estado de São Paulo, no dia 8 de fevereiro de 1964, sob fatura de inocente versão adulta e transcultural de “Chapeuzinho Vermelho”. Com base na declaração do autor de que o conjunto de sua obra destina-se à preparação de um “omelete ecumênico”, examina-se a hipótese de que essa breve estória coloque em cena o ritual votivo da ayahuasca, preparado enteógeno de origem amazônica que, segundo indica a própria etimologia quéchua do termo, teria o condão de conectar os comungantes com o espírito de seus ancestrais (“aya” significa “espírito” ou “ancestral”, enquanto “huasca” significa “laço” ou “conexão”). Para tanto, prospectamos estudos científicos, depoimentos de xamãs e relatos de caso sobre as comunhões espirituais, nos quais se afirma que a ayahuasca promove a expansão da consciência e o alcance de experiências extáticas de natureza espiritual, do autoconhecimento individual a eventuais registros mediúnicos. Imagens e expressões do relato rosiano são então analisados em cotejo com a liturgia, os credos e os resultados de tal experiência espiritual de matriz ameríndia, a qual transcende a possibilidade de explicação por meio da razão, a “megera cartesiana” de que trata o médico e romancista mineiro.\",\"PeriodicalId\":506556,\"journal\":{\"name\":\"Letras de Hoje\",\"volume\":\"21 12\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2024-07-26\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Letras de Hoje\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.45723\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Letras de Hoje","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.45723","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Guimarães Rosa, paisagens espirituais latino-americanas e “omelete ecumênico”
O presente exercício de prospecção de possíveis oikos vindouros, assentados na intersecção entre poesia e as assim chamadas “plantas de força”, centra-se na análise do campo lexical da espiritualidade que emerge em Fita verde no cabelo, breve narrativa publicada por Guimarães Rosa em suplemento literário do jornal O Estado de São Paulo, no dia 8 de fevereiro de 1964, sob fatura de inocente versão adulta e transcultural de “Chapeuzinho Vermelho”. Com base na declaração do autor de que o conjunto de sua obra destina-se à preparação de um “omelete ecumênico”, examina-se a hipótese de que essa breve estória coloque em cena o ritual votivo da ayahuasca, preparado enteógeno de origem amazônica que, segundo indica a própria etimologia quéchua do termo, teria o condão de conectar os comungantes com o espírito de seus ancestrais (“aya” significa “espírito” ou “ancestral”, enquanto “huasca” significa “laço” ou “conexão”). Para tanto, prospectamos estudos científicos, depoimentos de xamãs e relatos de caso sobre as comunhões espirituais, nos quais se afirma que a ayahuasca promove a expansão da consciência e o alcance de experiências extáticas de natureza espiritual, do autoconhecimento individual a eventuais registros mediúnicos. Imagens e expressões do relato rosiano são então analisados em cotejo com a liturgia, os credos e os resultados de tal experiência espiritual de matriz ameríndia, a qual transcende a possibilidade de explicação por meio da razão, a “megera cartesiana” de que trata o médico e romancista mineiro.