Utilização da crioterapia associada a enucleação com curetagem para o tratamento conservador de ameloblastoma sólido convencional – relato de caso

Os ameloblastomas são caracterizados como neoplasias que afetam a região oral e maxilofacial. Embora benignos, exibem comportamento localmente agressivo e altos índices de recorrência, demandando atenção na escolha da terapia a ser adotada. Este tumor tem origem no epitélio-odontogênico, surgindo dos remanescentes epiteliais envolvidos na formação dos dentes, representando um dos tumores odontogênicos mais comuns. A crioterapia utiliza o nitrogênio líquido para obter um processo de congelamento rápido e descongelamento lento, promovendo a formação de cristais de gelo intracelulares e extracelulares que causam perturbações no equilíbrio eletrolítico e osmótico das células, resultando na morte celular. O presente estudo tem como objetivo avaliar a eficácia da terapia cirúrgica conservadora que consiste na enucleação, curetagem e utilização da crioterapia como ferramenta adjuvante, atuação contrária à conduta normalmente empregada nestes casos, a qual consiste na ressecção marginal ou segmentar seguida de cirurgia reconstrutiva. A paciente do sexo feminino, 65 anos de idade, foi encaminhado para o ambulatório de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial apresentando uma radiografia panorâmica evidenciando a presença de uma lesão radiolúcida, bem delimitada e localizada em região anterior de mandíbula, após a realização de uma biópsia incisional, obteve-se o diagnóstico de ameloblastoma sólido convencional. Após vinte e quatro meses do tratamento conservador, a paciente evoluiu sem sinais de recidiva do tumor ou complicações no pós-operatório. Conclui-se que, embora o tratamento usual do ameloblastoma sólido convencional seja por meio de uma abordagem mais agressiva, o emprego da crioterapia em conjunto com uma terapia conservadora é eficaz, como também preserva a anatomia e funcionalidade do sistema estomatognático e proporciona taxas significativamente menores de recidivas.