A casa das crianças: o lugar da arte dentro da Ocupação

Este artigo apresenta reflexões sobre a concepção de “casa” de crianças e adolescentes que moram na Ocupação Justo, em São Leopoldo, considerando as artes visuais como instrumento de ressignificação da identidade social em meio ao contexto habitado. A pesquisa de campo foi realizada entre os meses de outubro a novembro de 2023, com um grupo de, aproximadamente, 40 crianças e adolescentes, entre sete e 17 anos, participantes da Tenda do Encontro, espaço da Ocupação para atividades com a comunidade. A partir dos trabalhos realizados nos encontros, buscou-se analisar sobre o impacto das oficinas de arte/educação, no sentido de capturar e transmitir as narrativas subjacentes a esses espaços ocupados, para a tomada de consciência do contexto em que vivem ressignificando o sentimento de pertencimento social dos moradores daquela região. As práticas envolveram a apresentação de pessoas e projetos que abordam as casas e os sentimentos promovidos por elas, expressando suas identidades e o sentimento de pertencimento, refletindo histórias e realidades da ocupação, são eles: Marcelino Melo (Projeto Quebradinha), o Projeto Morrinho (RJ), a artista visual Mônica Nador (Projeto JAMAC), o festival africano Bogo Ja e a aldeia-casa yanomami. O referencial teórico que embasa a reflexão contou com Walter Benjamin, Ana Mae Barbosa, Georges Henri Luquet e Gaston Bachelard. A reflexão acerca da investigação realizada aponta que os jovens utilizam o ensino da arte como refúgio para se fazer o que gostam, além de ter a Ocupação Justo como uma extensão de suas próprias casas. Além disso, o grupo participante da pesquisa demonstrou uma ressignificação quanto a percepção de suas casas, da Ocupação e do contexto em que vivem, revelando que a arte tem um papel essencial na construção de identidades e sua presença é essencial nos espaços de educação não escolares.