J. Moura, Fernando De Freitas Almeida, Lucas Araújo Martins
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No Brasil, o passado autoritário da ditadura empresarial-militar de 1964 se reestruturou com outros moldes nos últimos anos e sobretudo no Governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), reproduzindo confrontos violentos contra os movimentos sociais. No campo, as lutas se intensificaram, permeadas pelo avanço do agronegócio, de empresas capitalistas e endossadas pelo discurso de representantes estatais. O artigo tem como objetivo compreender as ações sofridas pelos movimentos socioterritoriais agrários no Brasil, entre 2020-2022, pautadas pela radicalização conservadora e pelos discursos e ameaças aos diversos ativismos. Utilizamos a metodologia de pesquisa da Rede DATALUTA, que, desde 2020, sistematiza notícias sobre as ações dos movimentos socioterritoriais e socioespaciais num banco de dados. Num compilado sobre as ações sofridas pelos movimentos, destacamos que os despejos e desapropriações de diversas populações tiveram centralidade nesses anos, além de assassinatos de lideranças do campo. Constatamos que os movimentos foram vítimas da violência estatal, num processo combinado e articulado com o agronegócio dando visibilidade a uma gramática discursiva que acirrou a violência no campo. Entretanto, muitos movimentos atuaram em defesa dos seus territórios, sinalizando a resistência diária das pessoas, seus projetos e emoções, numa permanente luta pela democracia, pelo direito ao território e à vida.