巴西工人联合会:历史、政治和文化方面(1906-1920 年)

Alessandro Cardoso Ribeiro, Mauro Castilho Gonçalves
{"title":"巴西工人联合会:历史、政治和文化方面(1906-1920 年)","authors":"Alessandro Cardoso Ribeiro, Mauro Castilho Gonçalves","doi":"10.34117/bjdv10n5-016","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Esta pesquisa retrata os limites e as ações coordenadas pela Confederação Operária Brasileira e as suas peculiaridades no seio do movimento operário brasileiro durante a Primeira República. Idealizado por intelectuais e líderes operários, esta central sindical funcionou como órgão aglutinador da intelectualidade que se identificava com a causa operária, denominada pelos mesmos como a questão social. Desse modo, é nesse contexto que tem início a organização do proletariado brasileiro que, durante essa fase, contou com a liderança dos imigrantes libertários, além de intelectuais brasileiros das camadas médias urbanas, principalmente no eixo Rio-São Paulo. Porém, dado os diferentes estágios de crescimento industrial, e a própria composição da classe operária, encontramos uma diversidade de movimentos operários, mesmo sob a direção da Confederação Operária Brasileira, de cunho anarcossindicalista. Esse importante órgão de classe buscou a transformação dos operários – denominada pelos seus idealizadores de conscientização - através de três instrumentos: as palestras, a leitura dos impressos produzidos (o jornal A Voz do Trabalhador; a revista A Vida; folhetins, entre outros) e da educação operária, nas escolas racionalistas. Esse mesmo modelo também foi seguido pelos demais centros operários pelo Brasil afora. Fundada em abril de 1906, durante o primeiro Congresso Operário Brasileiro, a Confederação Operária Brasileira passou a funcionar efetivamente a partir de 1908, na então capital do país, no Rio de Janeiro. Essa central sindical buscou formar, através dos seus aparelhos ideológicos, além da chamada consciência operária libertária, o que eles denominavam de homem novo anarquista. Em suma, um arquétipo de um modelo libertário europeu, totalmente alheio à nossa condição cultural, com uma classe operária fortemente marcada por uma economia moral contrarrevolucionária e influenciada pela religiosidade cristã, em suas várias vertentes: católica, protestante e espírita. Assim, apesar de terem percebido que havia uma guerra cultural dentro do processo de luta de classes, desconstruir a curto prazo esses elementos da cultura das classes subalternas para se fazer uma revolução seria praticamente impossível, reduzindo na prática o movimento operário do início da Primeira República a um caráter puramente reformista, limitando a Confederação Operária Brasileira tão somente como mediadora das relações capital x trabalho. A Confederação Operária Brasileira funcionou até o ano de 1918, porém, continuou atuando de forma descentralizada até o ano de 1920. Durante a década de 1930, foi substituída pela Federação Operária de São Paulo. No tocante às fontes utilizadas, foram os impressos publicados não só pela Confederação Operária Brasileira (jornais, revistas, livros, entre outros), mas também por alguns dos centros operários a ela filiados, a exemplo do Centro Operário Sergipano, da Federação Operária de São Paulo, entre outros. Já os procedimentos de análise, foram feitos a partir da teoria do historiador inglês E. P. Thompson, abrangendo uma perspectiva, a partir de uma inter-relação dialética entre tradições, costumes e transformações sociais, denominado pelo mesmo como peculiaridades, contemplando não só os aspectos econômicos dentro do processo histórico, mas também os elementos culturais, indo muito além da antiga análise marxista economicista, base-superestrutura.","PeriodicalId":504671,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Development","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-05-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"A Confederação Operária Brasileira: aspectos históricos, políticos e culturais (1906-1920)\",\"authors\":\"Alessandro Cardoso Ribeiro, Mauro Castilho Gonçalves\",\"doi\":\"10.34117/bjdv10n5-016\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Esta pesquisa retrata os limites e as ações coordenadas pela Confederação Operária Brasileira e as suas peculiaridades no seio do movimento operário brasileiro durante a Primeira República. 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摘要

这项研究描绘了巴西工人联合会的局限性和协调行动,以及它在第一共和国时期巴西劳工运动中的特殊性。这个工会中心由知识分子和工人领袖共同创建,是一个将认同工人事业(他们称之为社会问题)的知识分子聚集在一起的机构。在这一阶段,巴西无产阶级的组织主要依靠自由主义移民以及来自城市中产阶级(主要是里约-圣保罗轴心地区)的巴西知识分子的领导。然而,考虑到工业发展的不同阶段和工人阶级的构成,我们发现劳工运动多种多样,甚至在无政府-非激进主义的巴西工人联合会的领导下也是如此。这个重要的阶级组织试图通过三种手段来改造工人--创造者称之为 "良知化"--即讲座、阅读印刷品(报纸《工人之声》、杂志《生活》、传单等)以及在理性主义学校接受工人教育。巴西各地的其他工人中心也采用了同样的模式。巴西工人联合会成立于 1906 年 4 月第一届巴西工人代表大会期间,1908 年在当时的首都里约热内卢开始有效运作。除了所谓的自由主义工人意识之外,这个工会中心还试图通过其意识形态机构,形成他们所谓的新无政府主义者。简而言之,这是一种欧洲自由主义模式的原型,与我们的文化条件完全格格不入,工人阶级带有浓厚的反革命道德经济色彩,并受到以天主教、新教和灵教等各种面目出现的基督教宗教的影响。因此,尽管他们意识到在阶级斗争过程中存在着一场文化战争,但在短期内解构次等阶级文化中的这些元素以实现革命实际上是不可能的,这实际上使第一共和国早期的工人运动沦为纯粹的改良主义性质,使巴西工人联合会只能作为资本-劳动关系的调解人。巴西工人联合会一直运作到 1918 年,但直到 1920 年仍在分散的基础上运作。20 世纪 30 年代,它被圣保罗工人联合会取代。所使用的资料来源不仅包括巴西工人联合会出版的印刷材料(报纸、杂志、书籍等),还包括该联合会下属的一些工人中心,如塞尔希帕诺工人中心、圣保罗工人联合会等。分析程序以英国历史学家汤普森(E. P. Thompson)的理论为基础。汤普森的观点基于传统、习俗和社会变革(他称之为特殊性)之间的辩证相互关系,他不仅考虑到历史进程中的经济方面,还考虑到文化因素,远远超越了马克思主义的旧经济分析--基础-上层建筑。
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A Confederação Operária Brasileira: aspectos históricos, políticos e culturais (1906-1920)
Esta pesquisa retrata os limites e as ações coordenadas pela Confederação Operária Brasileira e as suas peculiaridades no seio do movimento operário brasileiro durante a Primeira República. Idealizado por intelectuais e líderes operários, esta central sindical funcionou como órgão aglutinador da intelectualidade que se identificava com a causa operária, denominada pelos mesmos como a questão social. Desse modo, é nesse contexto que tem início a organização do proletariado brasileiro que, durante essa fase, contou com a liderança dos imigrantes libertários, além de intelectuais brasileiros das camadas médias urbanas, principalmente no eixo Rio-São Paulo. Porém, dado os diferentes estágios de crescimento industrial, e a própria composição da classe operária, encontramos uma diversidade de movimentos operários, mesmo sob a direção da Confederação Operária Brasileira, de cunho anarcossindicalista. Esse importante órgão de classe buscou a transformação dos operários – denominada pelos seus idealizadores de conscientização - através de três instrumentos: as palestras, a leitura dos impressos produzidos (o jornal A Voz do Trabalhador; a revista A Vida; folhetins, entre outros) e da educação operária, nas escolas racionalistas. Esse mesmo modelo também foi seguido pelos demais centros operários pelo Brasil afora. Fundada em abril de 1906, durante o primeiro Congresso Operário Brasileiro, a Confederação Operária Brasileira passou a funcionar efetivamente a partir de 1908, na então capital do país, no Rio de Janeiro. Essa central sindical buscou formar, através dos seus aparelhos ideológicos, além da chamada consciência operária libertária, o que eles denominavam de homem novo anarquista. Em suma, um arquétipo de um modelo libertário europeu, totalmente alheio à nossa condição cultural, com uma classe operária fortemente marcada por uma economia moral contrarrevolucionária e influenciada pela religiosidade cristã, em suas várias vertentes: católica, protestante e espírita. Assim, apesar de terem percebido que havia uma guerra cultural dentro do processo de luta de classes, desconstruir a curto prazo esses elementos da cultura das classes subalternas para se fazer uma revolução seria praticamente impossível, reduzindo na prática o movimento operário do início da Primeira República a um caráter puramente reformista, limitando a Confederação Operária Brasileira tão somente como mediadora das relações capital x trabalho. A Confederação Operária Brasileira funcionou até o ano de 1918, porém, continuou atuando de forma descentralizada até o ano de 1920. Durante a década de 1930, foi substituída pela Federação Operária de São Paulo. No tocante às fontes utilizadas, foram os impressos publicados não só pela Confederação Operária Brasileira (jornais, revistas, livros, entre outros), mas também por alguns dos centros operários a ela filiados, a exemplo do Centro Operário Sergipano, da Federação Operária de São Paulo, entre outros. Já os procedimentos de análise, foram feitos a partir da teoria do historiador inglês E. P. Thompson, abrangendo uma perspectiva, a partir de uma inter-relação dialética entre tradições, costumes e transformações sociais, denominado pelo mesmo como peculiaridades, contemplando não só os aspectos econômicos dentro do processo histórico, mas também os elementos culturais, indo muito além da antiga análise marxista economicista, base-superestrutura.
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