{"title":"作为一种语言观念的混血儿","authors":"Allice Toledo","doi":"10.20396/cel.v66i00.8671767","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O objetivo deste texto é o de demonstrar como a mestiçagem pode ser reconhecida como uma ideia linguística nas produções de saberes linguísticos, como é o caso do conceito de brasileirismo apresentado por João Ribeiro no Diccionario Grammatical, publicado em 1889 e reeditado em anos posteriores. Para tanto, em um diálogo entre a História das Ideias Linguísticas e a Análise do Discurso, são descritas as condições de produção dos estudos linguísticos e sociais no Brasil neste período histórico, especialmente quando da publicação da terceira edição em 1906, com ênfase nas particularidades do naturalismo na produção intelectual brasileira (ALONSO, 2002; SCHWARCZ, 2015) e pelo paradigma naturalista dos estudos da linguagem proposto por Sylvain Auroux (2007). Em seguida, são apresentados os procedimentos analíticos (FOUCAULT, 2008) e a análise em si do verbete brasileirismo, apontando o aparecimento da mestiçagem como uma ideia linguística. Este texto se encerra com a reflexão de que a mestiçagem no contexto de publicação do Diccionario não se apresentava como uma solução homogeneizadora dos conflitos raciais e linguísticos do país, mas sim como uma marca ambivalente da originalidade do povo brasileiro e do fracasso de uma nação determinado pelas perspectivas positivistas daquele período.","PeriodicalId":504771,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Linguísticos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-04-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"A mestiçagem como uma ideia linguística\",\"authors\":\"Allice Toledo\",\"doi\":\"10.20396/cel.v66i00.8671767\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O objetivo deste texto é o de demonstrar como a mestiçagem pode ser reconhecida como uma ideia linguística nas produções de saberes linguísticos, como é o caso do conceito de brasileirismo apresentado por João Ribeiro no Diccionario Grammatical, publicado em 1889 e reeditado em anos posteriores. Para tanto, em um diálogo entre a História das Ideias Linguísticas e a Análise do Discurso, são descritas as condições de produção dos estudos linguísticos e sociais no Brasil neste período histórico, especialmente quando da publicação da terceira edição em 1906, com ênfase nas particularidades do naturalismo na produção intelectual brasileira (ALONSO, 2002; SCHWARCZ, 2015) e pelo paradigma naturalista dos estudos da linguagem proposto por Sylvain Auroux (2007). Em seguida, são apresentados os procedimentos analíticos (FOUCAULT, 2008) e a análise em si do verbete brasileirismo, apontando o aparecimento da mestiçagem como uma ideia linguística. Este texto se encerra com a reflexão de que a mestiçagem no contexto de publicação do Diccionario não se apresentava como uma solução homogeneizadora dos conflitos raciais e linguísticos do país, mas sim como uma marca ambivalente da originalidade do povo brasileiro e do fracasso de uma nação determinado pelas perspectivas positivistas daquele período.\",\"PeriodicalId\":504771,\"journal\":{\"name\":\"Cadernos de Estudos Linguísticos\",\"volume\":null,\"pages\":null},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2024-04-08\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Cadernos de Estudos Linguísticos\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.20396/cel.v66i00.8671767\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cadernos de Estudos Linguísticos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.20396/cel.v66i00.8671767","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
O objetivo deste texto é o de demonstrar como a mestiçagem pode ser reconhecida como uma ideia linguística nas produções de saberes linguísticos, como é o caso do conceito de brasileirismo apresentado por João Ribeiro no Diccionario Grammatical, publicado em 1889 e reeditado em anos posteriores. Para tanto, em um diálogo entre a História das Ideias Linguísticas e a Análise do Discurso, são descritas as condições de produção dos estudos linguísticos e sociais no Brasil neste período histórico, especialmente quando da publicação da terceira edição em 1906, com ênfase nas particularidades do naturalismo na produção intelectual brasileira (ALONSO, 2002; SCHWARCZ, 2015) e pelo paradigma naturalista dos estudos da linguagem proposto por Sylvain Auroux (2007). Em seguida, são apresentados os procedimentos analíticos (FOUCAULT, 2008) e a análise em si do verbete brasileirismo, apontando o aparecimento da mestiçagem como uma ideia linguística. Este texto se encerra com a reflexão de que a mestiçagem no contexto de publicação do Diccionario não se apresentava como uma solução homogeneizadora dos conflitos raciais e linguísticos do país, mas sim como uma marca ambivalente da originalidade do povo brasileiro e do fracasso de uma nação determinado pelas perspectivas positivistas daquele período.