Infância: soluço da linguagem? Uma leitura de vozes no conto “Tentação”, de Clarice Lispector

Este ensaio propõe aproximações entre infância e linguagem no conto “Tentação” (1999), de Clarice Lispector. Desvencilhamos as aparições da criança do discurso comum e demonstramos como elas metaforizam a ideia de linguagem como um soluço – imagem poética criada por Clarice e aqui ampliada filosoficamente para relacionar a infância à ausência de voz. Nesse percurso, dialogamos com Brites (2021) e Lajolo (1997). A fim de descristalizar a noção de infância como aquela que não tem voz, conectamos Larrosa (1996) e Bachelard (1988). Assim, observamos como o conto revela as infâncias em uma profundidade que complexifica e recusa a autoridade do adulto sobre a criança.