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Há educadores que defendem uma pedagogia positiva, aquela que foca apenas o lado positivo da educação, como se fosse um apelo missionário. É um positivismo, no sentido de ver a realidade pela metade, no lado positivo (que, epistemologicamente, é o lado mensurável, experimental). O negativo esconde-se. Há o médico que, descobrindo um câncer no paciente, resolve dizer que é resfriado, para o agradar. Há o educador adepto da “crítica positiva”, desconhecendo que esta não critica nada – a alma da crítica é sua negatividade, necessária, por exemplo, para ler a realidade em sentido emancipatório. A crítica positiva espera do opressor a libertação. É a lógica da autoajuda, não como “deveria ser” na acepção do termo (saber ajudar-se, evitando depender; todos precisam de ajuda, mas não de dependência), mas da prática das fórmulas positivas buzinadas para esquecer o lado difícil da vida. É também uma contradição lógica: não é viável falar do lado positivo sem implicar o negativo e vice-versa. Por vezes há uma boa intenção na jogada: afastar críticas apenas destrutivas, ferinas, ferozes. A realidade vista de um lado só é manca. Pedagogia positiva é covarde.