Movimentos estratégicos das Instituições de Ensino Superior: desafios digitais impostos pela pandemia da covid-19

A pandemia da COVID-19 impactou profundamente a realidade do setor educacional no mundo todo. As instituições de ensino tiveram que adaptar suas rotinas devido às restrições impostas pelo novo cenário. Este artigo tem como objetivo analisar como a dinâmica das rotinas de ensino e de coordenação foram modificadas frente aos desafios digitais impostos pela pandemia da COVID-19 na implementação de novos movimentos estratégicos. Foi realizado um estudo de casos múltiplos em três Instituições de Ensino Superior que ofertam cursos presenciais de Administração e área de Negócios, utilizando entrevista semiestruturada, com abordagem qualitativa e diferentes técnicas de análise. Assim, foi possível identificar quatro dimensões da rotina: (1) impacto do choque exógeno nas universidades com a paralisação das atividades presenciais e a implementação do ensino remoto emergencial, exigindo a ressignificação do ambiente de ensino/aprendizagem e a adoção de novos movimentos estratégicos; (2) a estratégia emergencial se originou da adaptação das tarefas da rotina de ensino em que os atores incorporaram novas ações, por meio de um movimento de baixo para cima; (3) reconfiguração da rotina se deu com a inserção dos artefatos tecnológicos, a capacitação dos atores na adaptação das tarefas das rotinas levou a padronização do ambiente ensino/aprendizagem e, consequentemente, a estabilização das tarefas e rotinas das universidades; (4) aumento da complexidade da rotina decorreu das implicações do ensino remoto emergencial nas rotinas de ensino e de coordenação e na interação professor/aluno. O estudo apresenta também implicações práticas que podem ser úteis para gestores e estudos futuros no campo das rotinas organizacionais.