{"title":"漫画与东方学","authors":"Lívia Penedo Jacob","doi":"10.15448/1984-4301.2023.1.44276","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Criadas no século XIX como “evolução” das charges, as histórias em quadrinhos (HQs) têm ocupado uma espécie de não lugar nos estudos teóricos contemporâneos porque construídas por múltiplas artes (desenho, roteiro, arte final etc.). Consumidas no Brasil principalmente pelo público jovem, conforme revela recente pesquisa do grupo Pró-Livro (FAILLA, 2021), as HQs acabaram por se aproximar de um campo acadêmico igualmente marginalizado: a literatura infantojuvenil, cujos obstáculos epistemológicos já foram demonstrados por Rose (1988) e Hunt (2013). Ciente dessas questões, proponho, neste ensaio, o estudo do que nomeio “caso Marvel”, a fim tanto de apontar as aproximações históricas entre os quadrinhos e a literatura, como de entender que aspectos específicos diferenciam duas personagens muçulmanas criadas pela Marvel: se a personagem Dust (Sooraya Qadir) exemplifica um caso de “fracasso”, por sua rejeição tanto pelo público como pela crítica, a adolescente Kamala Khan é da empresa, rendendo, aos seus idealizadores, além de diversos prêmios, uma adaptação televisiva produzida pelo streaming da Disney. Além de os argumentos orientalistas legados por Said (1996) serem fundamentais para justificar essas diferenças, a nova Ms. Marvel sintetiza os pressupostos identitários estudados por Hall (2003), Bhabha (2013) e Spivak (2010).","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"14 21","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-12-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Quadrinhos e orientalismo\",\"authors\":\"Lívia Penedo Jacob\",\"doi\":\"10.15448/1984-4301.2023.1.44276\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Criadas no século XIX como “evolução” das charges, as histórias em quadrinhos (HQs) têm ocupado uma espécie de não lugar nos estudos teóricos contemporâneos porque construídas por múltiplas artes (desenho, roteiro, arte final etc.). Consumidas no Brasil principalmente pelo público jovem, conforme revela recente pesquisa do grupo Pró-Livro (FAILLA, 2021), as HQs acabaram por se aproximar de um campo acadêmico igualmente marginalizado: a literatura infantojuvenil, cujos obstáculos epistemológicos já foram demonstrados por Rose (1988) e Hunt (2013). Ciente dessas questões, proponho, neste ensaio, o estudo do que nomeio “caso Marvel”, a fim tanto de apontar as aproximações históricas entre os quadrinhos e a literatura, como de entender que aspectos específicos diferenciam duas personagens muçulmanas criadas pela Marvel: se a personagem Dust (Sooraya Qadir) exemplifica um caso de “fracasso”, por sua rejeição tanto pelo público como pela crítica, a adolescente Kamala Khan é da empresa, rendendo, aos seus idealizadores, além de diversos prêmios, uma adaptação televisiva produzida pelo streaming da Disney. Além de os argumentos orientalistas legados por Said (1996) serem fundamentais para justificar essas diferenças, a nova Ms. Marvel sintetiza os pressupostos identitários estudados por Hall (2003), Bhabha (2013) e Spivak (2010).\",\"PeriodicalId\":499668,\"journal\":{\"name\":\"letrônica\",\"volume\":\"14 21\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-12-14\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"letrônica\",\"FirstCategoryId\":\"0\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.44276\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"letrônica","FirstCategoryId":"0","ListUrlMain":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.44276","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Criadas no século XIX como “evolução” das charges, as histórias em quadrinhos (HQs) têm ocupado uma espécie de não lugar nos estudos teóricos contemporâneos porque construídas por múltiplas artes (desenho, roteiro, arte final etc.). Consumidas no Brasil principalmente pelo público jovem, conforme revela recente pesquisa do grupo Pró-Livro (FAILLA, 2021), as HQs acabaram por se aproximar de um campo acadêmico igualmente marginalizado: a literatura infantojuvenil, cujos obstáculos epistemológicos já foram demonstrados por Rose (1988) e Hunt (2013). Ciente dessas questões, proponho, neste ensaio, o estudo do que nomeio “caso Marvel”, a fim tanto de apontar as aproximações históricas entre os quadrinhos e a literatura, como de entender que aspectos específicos diferenciam duas personagens muçulmanas criadas pela Marvel: se a personagem Dust (Sooraya Qadir) exemplifica um caso de “fracasso”, por sua rejeição tanto pelo público como pela crítica, a adolescente Kamala Khan é da empresa, rendendo, aos seus idealizadores, além de diversos prêmios, uma adaptação televisiva produzida pelo streaming da Disney. Além de os argumentos orientalistas legados por Said (1996) serem fundamentais para justificar essas diferenças, a nova Ms. Marvel sintetiza os pressupostos identitários estudados por Hall (2003), Bhabha (2013) e Spivak (2010).