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Sob esse novo cenário surgiram histórias literárias fundamentadas num projeto coletivo, através do qual o historiador literário passou a delimitar sua narrativa em torno de gêneros e períodos literários, o que possibilitou a inserção e a análise de um número maior de obras, ao contrário do aspecto unificador de escritas que restringiam as histórias da literatura ao círculo dos autores canônicos. Um exemplo de narrativa pouco seletiva é a história da literatura de Luís Bueno, Uma História do Romance de 30 (2006), na qual, por meio da análise extensiva de diversos romances publicados entre 1930 e 1939, o autor propõe uma nova leitura desse período literário, destacando a heterogeneidade dos textos que contemplam esse momento da evolução literária brasileira. Mediante a essas explanações, o presente trabalho tem como objetivo analisar a obra Uma História do Romance de 30, a partir de teorias da história literária, buscando identificar os fatores que foram determinantes na sua estruturação, destacando a relevância da leitura de Luís Bueno para os estudos literários, já que o autor rompe com a visão que prevalece em nossa tradição literária, na qual, normalmente, o conjunto de romances produzidos na década de 30 é apresentado, apenas, como romance social regionalista. Para isso, o texto faz uma apresentação sistemática e metodológica da análise da obra, tendo como base, para o desenvolvimento e a para discussão dessa pesquisa, as teorias de história da literatura de Tynianov (1973), Jauss (1994), Perkins (1999), entre outros. Luís Bueno constrói a sua narrativa através do enfrentamento de textos e da análise de jornais e de revistas literárias publicadas na época, que possibilitaram ao autor identificar como se configurou a recepção imediata das obras. Uma História do Romance de 30 permite uma visão ampla desse sistema literário, destacando o jogo de forças entre as correntes estéticas e políticas que arquitetaram este momento histórico e literário no Brasil. No exercício hermenêutico de Luís Bueno há um distanciamento entre o horizonte de expectativas formador da tradição literária e o horizonte de recepção, no qual o autor rompe com os pré-juízos de uma época, que instauraram o conceito de romance de 30, dando conta da heterogeneidade desse período permitindo uma nova leitura do mesmo.","PeriodicalId":17971,"journal":{"name":"Latin American Journal of Development","volume":"15 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-10-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":"{\"title\":\"Uma história do romance de 30: entre o horizonte de expectativas da criação e o da recepção de Luís Bueno\",\"authors\":\"Patrícia Bersch Barbosa\",\"doi\":\"10.46814/lajdv5n2-016\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O conceito de nacionalidade, por muito tempo, configurou o painel discursivo das histórias literárias no Brasil. 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Uma história do romance de 30: entre o horizonte de expectativas da criação e o da recepção de Luís Bueno
O conceito de nacionalidade, por muito tempo, configurou o painel discursivo das histórias literárias no Brasil. Intelectuais como Sílvio Romero e José Veríssimo colaboraram com suas narrativas na representação e na legitimação do estado nacional a partir de obras que diferenciavam e individualizavam a produção literária do país em relação às literaturas de outras nações. Com a globalização e o apagamento das fronteiras, o historiador literário se deparou com a dificuldade em estabelecer uma definição de nacional que contemplasse uma perspectiva unificada do processo evolutivo das letras brasileiras. Sob esse novo cenário surgiram histórias literárias fundamentadas num projeto coletivo, através do qual o historiador literário passou a delimitar sua narrativa em torno de gêneros e períodos literários, o que possibilitou a inserção e a análise de um número maior de obras, ao contrário do aspecto unificador de escritas que restringiam as histórias da literatura ao círculo dos autores canônicos. Um exemplo de narrativa pouco seletiva é a história da literatura de Luís Bueno, Uma História do Romance de 30 (2006), na qual, por meio da análise extensiva de diversos romances publicados entre 1930 e 1939, o autor propõe uma nova leitura desse período literário, destacando a heterogeneidade dos textos que contemplam esse momento da evolução literária brasileira. Mediante a essas explanações, o presente trabalho tem como objetivo analisar a obra Uma História do Romance de 30, a partir de teorias da história literária, buscando identificar os fatores que foram determinantes na sua estruturação, destacando a relevância da leitura de Luís Bueno para os estudos literários, já que o autor rompe com a visão que prevalece em nossa tradição literária, na qual, normalmente, o conjunto de romances produzidos na década de 30 é apresentado, apenas, como romance social regionalista. Para isso, o texto faz uma apresentação sistemática e metodológica da análise da obra, tendo como base, para o desenvolvimento e a para discussão dessa pesquisa, as teorias de história da literatura de Tynianov (1973), Jauss (1994), Perkins (1999), entre outros. Luís Bueno constrói a sua narrativa através do enfrentamento de textos e da análise de jornais e de revistas literárias publicadas na época, que possibilitaram ao autor identificar como se configurou a recepção imediata das obras. Uma História do Romance de 30 permite uma visão ampla desse sistema literário, destacando o jogo de forças entre as correntes estéticas e políticas que arquitetaram este momento histórico e literário no Brasil. No exercício hermenêutico de Luís Bueno há um distanciamento entre o horizonte de expectativas formador da tradição literária e o horizonte de recepção, no qual o autor rompe com os pré-juízos de uma época, que instauraram o conceito de romance de 30, dando conta da heterogeneidade desse período permitindo uma nova leitura do mesmo.