Teatro do Oprimido com jovens em medidas socioeducativas: A construção do Projeto de Vida

Este artigo discute os resultados da pesquisa que buscou investigar de que modo o método cênico-pedagógico Teatro do Oprimido (TO) pode contribuir para a construção do projeto de vida de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas (liberdade assistida) no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) em uma cidade do interior paulista. A pesquisa teve como universo de estudo: três grupos de adolescentes em conflito com a lei que frequentam escolas públicas e que são acompanhados pelo CREAS. Foram realizados grupos de discussões, com intervalos quinzenais, em que se utilizaram os processos sobre palavra, imagem e som (TO) como instrumentos para a abordagem do projeto de vida. Os dados coletados foram registrados no diário de campo, organizados e analisados conforme a análise de conteúdo de Laurence Bardin. Como resultado, constatou-se que os jovens, de modo geral, possuem identidade estigmatizada, na qual seus corpos detêm uma mecanização e estão subordinados ao estado e a instituições que violam seus direitos. Concluímos, assim, que é necessário um processo de desmecanização de seus corpos e mentes para que a mudança de concepção sobre si mesmos possa suceder e possibilitar a elaboração e a construção de seus projetos de vida, permeadas por discussões na socioeducação que considerem os anseios e as identidades reais dos jovens.