Claudia de Oliveira, Everton Vieira Barbosa, Carolina Casarin da Fonseca Hermes
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 A aparência corporal inclui a forma como os sujeitos sociais interferem no corpo, o conjunto das características físicas constantes ou variantes (pelos, estatura, traços do rosto), as atitudes corporais (posturas, expressões, mímicas) e seus atributos (trajes, penteados, maquiagens, acessórios). É justamente essa apreensão total do corpo pela cultura que merece ser investigada em seus diversos desdobramentos. Em modas ousadas propomos agrupar pesquisas que tomem o vestir, a moda e a aparência feminina no Brasil entre 1850 e 1950 em conjunto com movimentos emancipatórios, tanto a nível comportamental como aqueles diretamente vinculados a luta por direitos políticos e equiparações entre homens e mulheres. Por fim, o dossiê em questão além de estabelecer um novo espaço de discussão, reflexão e encontros, acentua o histórico de lutas e, sobretudo, conquistas traçadas, ainda em constante construção no almejo de um futuro mais simétrico e proporcional.","PeriodicalId":33356,"journal":{"name":"Albuquerque","volume":"20 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-08-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Aparências ousadas\",\"authors\":\"Claudia de Oliveira, Everton Vieira Barbosa, Carolina Casarin da Fonseca Hermes\",\"doi\":\"10.46401/ardh.2023.v15.19295\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Apresentação do Dossiê Aparências ousadas: novas histórias sobre o vestir, o consumo e a emancipação feminina entre 1850 e 1950. A História do Vestir ou “Study of Dress History” (TAYLOR, 2002, p. 30) busca alinhar abordagens da cultura material baseadas em objetos, como as roupas, a partir de um perspectiva transdisciplinar. As roupas mostram a mobilidade de seus usuários e seu gosto em diálogo com a moda, associados às atividades que realizam, para enfatizar uma determinada aparência na construção da noção de pessoa (“eu”) e sua individualidade (MAUSS, 1950, p. 365). Nesse sentido, a indumentaria tem um papel fundamental no campo da arte e da cultura, como adorno do corpo, como produção de sentido e expressão performática das subjetividades. O fenômeno da moda como valor intrínseco de mudança, que se inicia no século XIV, se desenvolverá plenamente durante o século XIX, com seus rituais e instituições, resultante de uma sociedade constituída sobre o indivíduo. A dinâmica da moda, alimentada pelo consumo em renovação constante, revela uma concessão linear do tempo, característica do Ocidente moderno, opondo-se, portanto, ao tempo cíclico dos mitos e do tempo imóvel do sagrado, como concebido pelas sociedades tradicionais.
 A aparência corporal inclui a forma como os sujeitos sociais interferem no corpo, o conjunto das características físicas constantes ou variantes (pelos, estatura, traços do rosto), as atitudes corporais (posturas, expressões, mímicas) e seus atributos (trajes, penteados, maquiagens, acessórios). É justamente essa apreensão total do corpo pela cultura que merece ser investigada em seus diversos desdobramentos. Em modas ousadas propomos agrupar pesquisas que tomem o vestir, a moda e a aparência feminina no Brasil entre 1850 e 1950 em conjunto com movimentos emancipatórios, tanto a nível comportamental como aqueles diretamente vinculados a luta por direitos políticos e equiparações entre homens e mulheres. Por fim, o dossiê em questão além de estabelecer um novo espaço de discussão, reflexão e encontros, acentua o histórico de lutas e, sobretudo, conquistas traçadas, ainda em constante construção no almejo de um futuro mais simétrico e proporcional.\",\"PeriodicalId\":33356,\"journal\":{\"name\":\"Albuquerque\",\"volume\":\"20 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-08-22\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Albuquerque\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.46401/ardh.2023.v15.19295\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Albuquerque","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.46401/ardh.2023.v15.19295","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Apresentação do Dossiê Aparências ousadas: novas histórias sobre o vestir, o consumo e a emancipação feminina entre 1850 e 1950. A História do Vestir ou “Study of Dress History” (TAYLOR, 2002, p. 30) busca alinhar abordagens da cultura material baseadas em objetos, como as roupas, a partir de um perspectiva transdisciplinar. As roupas mostram a mobilidade de seus usuários e seu gosto em diálogo com a moda, associados às atividades que realizam, para enfatizar uma determinada aparência na construção da noção de pessoa (“eu”) e sua individualidade (MAUSS, 1950, p. 365). Nesse sentido, a indumentaria tem um papel fundamental no campo da arte e da cultura, como adorno do corpo, como produção de sentido e expressão performática das subjetividades. O fenômeno da moda como valor intrínseco de mudança, que se inicia no século XIV, se desenvolverá plenamente durante o século XIX, com seus rituais e instituições, resultante de uma sociedade constituída sobre o indivíduo. A dinâmica da moda, alimentada pelo consumo em renovação constante, revela uma concessão linear do tempo, característica do Ocidente moderno, opondo-se, portanto, ao tempo cíclico dos mitos e do tempo imóvel do sagrado, como concebido pelas sociedades tradicionais.
A aparência corporal inclui a forma como os sujeitos sociais interferem no corpo, o conjunto das características físicas constantes ou variantes (pelos, estatura, traços do rosto), as atitudes corporais (posturas, expressões, mímicas) e seus atributos (trajes, penteados, maquiagens, acessórios). É justamente essa apreensão total do corpo pela cultura que merece ser investigada em seus diversos desdobramentos. Em modas ousadas propomos agrupar pesquisas que tomem o vestir, a moda e a aparência feminina no Brasil entre 1850 e 1950 em conjunto com movimentos emancipatórios, tanto a nível comportamental como aqueles diretamente vinculados a luta por direitos políticos e equiparações entre homens e mulheres. Por fim, o dossiê em questão além de estabelecer um novo espaço de discussão, reflexão e encontros, acentua o histórico de lutas e, sobretudo, conquistas traçadas, ainda em constante construção no almejo de um futuro mais simétrico e proporcional.