A construção do ethos de potência da pombagira incorporada em médium homem na umbanda

Considerando que a Umbanda promove uma inversão simbólica de poder ao trazer para o centro da cena grupos historicamente marginalizados como detentores de grande evolução espiritual, observa-se que a Pombagira surge como a mulher livre e poderosa que transgride as relações historicamente estabelecidas pela sociedade patriarcal. A partir de tal constatação, propomo-nos a observar a construção do ethos de potência da Pombagira Sete Saias incorporada em médium homem de modo a compreender como ela subverte aquilo que é da ordem tanto do feminino quanto do masculino, travestindo seu médium e entrelaçando força e sensualidade. Para isso, tomaremos de empréstimo as entrevistas feitas pela antropóloga Mariana Moura (2018) à Pombagira para analisar a construção do ethos discursivo a partir dos pressupostos de Dominique Maingueneau (2008, 2015, 2020). Como conclusões iniciais, defendemos que esse corpo em trânsito põe questões pertinentes à Análise do discurso, tanto no que se refere à relação do sujeito com o médium incorporado, quanto à própria construção da imagem de si no discurso da entidade.