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Esse trabalho se propõe a aproximar a ótica do narrador de José Saramago da perspectiva barroca, a partir da tensão dialética característica da alegoria tal como elaborada por Walter Benjamin (1984). Associamos a modernidade da alegoria benjaminina na literatura, enquanto jogo dialético que expressa o conflito e o dilaceramento do sujeito diante da condição precária de sua existência, para aporesentar a posição do narrador como estratégia autoral fundamental para apresentação da visão de mundo do autor português. Tal como percebemos, a alegoria corresponderá a uma “responsabilidade da forma” (nos temos de Roland Barthes) de José Saramago, autor reconhecido pela fortuna crítica como engajado com uma escrita política, articulando a denúncia social com a força expressiva de uma escrita dialógica e dialética, atravessada pela ironia e jogo com o leitor.