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A partir de uma exortação de Dom Quixote a Sancho para que o escudeiro reinvente de modo mais propício às fantasias da cavalaria andante um relato banal que ele faz, este artigo busca pensar a representação de papéis como possibilidade de invenção, através da análise da atuação do Quixote no teatro do mundo. A inadequação entre os papéis literários que a motivam e o contexto de Dom Quixote, a total impossibilidade de reprodução de um modelo que os textos pregressos pudessem constituir, reforçam o caráter de invenção desta escritura. A tópica do mundo como teatro — sua fixação de valores e papéis sociais, seu desenvolvimento prévio das cenas e condutas decorosas e a vaidade destes papéis quando vistos de fora — é perturbada por esta inadequação e pelo alargamento e cruzamento de fronteiras na atuação quixotesca, que impedem a existência de um fora, levando-nos a repensá-la, com o auxílio das propostas de Artaud, da leitura do carnaval de Bakhtin e do jogo ideal de Deleuze.