{"title":"葡萄牙帝国的世俗神职人员和肤色(16 - 18世纪):一条有争议的道路","authors":"José Pedro Paiva","doi":"10.14195/0870-4147_54_1","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"As pessoas que não tivessem a pele branca podiam integrar o clero secular da Igreja Católica Romana nas dioceses do império português? Este artigo visa responder a esta pergunta através de uma abordagem holística e de longa duração, cobrindo espaços do império português em África, Ásia, América e mundo atlântico, utilizando um olhar comparativo. Parto da hipótese de que as teses dominantes na historiagrafia nos últimos 50 anos, baseadas em interpretações de Charles Boxer, não são generalizáveis e não se aplicam de igual modo a todos os territórios do império entre os séculos XV e XVIII. Se Boxer não falha no essencial, constatando o reduzido contingente de clero secular não europeus, a questão é bem mais complexa e tem variáveis que ele não ponderou. Amparado na leitura cruzada de diversas fontes, algumas até ao presente escassamente consultadas para este efeito, demonstrar-se-á que, desde cedo, o estado clerical se abriu a pessoas não europeias, mas que esta via se tornou controversa e geradora de resistências variadas, ainda assim não impedindo que na América, em África e na Ásia houvesse populações originárias desses continentes que o integraram, por vezes assumindo posições relevantes.","PeriodicalId":410847,"journal":{"name":"Revista Portuguesa de História","volume":"112 36","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-11-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Clero secular e cor da pele no império português (séculos XVI-XVIII): uma via controversa\",\"authors\":\"José Pedro Paiva\",\"doi\":\"10.14195/0870-4147_54_1\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"As pessoas que não tivessem a pele branca podiam integrar o clero secular da Igreja Católica Romana nas dioceses do império português? Este artigo visa responder a esta pergunta através de uma abordagem holística e de longa duração, cobrindo espaços do império português em África, Ásia, América e mundo atlântico, utilizando um olhar comparativo. Parto da hipótese de que as teses dominantes na historiagrafia nos últimos 50 anos, baseadas em interpretações de Charles Boxer, não são generalizáveis e não se aplicam de igual modo a todos os territórios do império entre os séculos XV e XVIII. Se Boxer não falha no essencial, constatando o reduzido contingente de clero secular não europeus, a questão é bem mais complexa e tem variáveis que ele não ponderou. Amparado na leitura cruzada de diversas fontes, algumas até ao presente escassamente consultadas para este efeito, demonstrar-se-á que, desde cedo, o estado clerical se abriu a pessoas não europeias, mas que esta via se tornou controversa e geradora de resistências variadas, ainda assim não impedindo que na América, em África e na Ásia houvesse populações originárias desses continentes que o integraram, por vezes assumindo posições relevantes.\",\"PeriodicalId\":410847,\"journal\":{\"name\":\"Revista Portuguesa de História\",\"volume\":\"112 36\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-11-10\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Portuguesa de História\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.14195/0870-4147_54_1\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Portuguesa de História","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.14195/0870-4147_54_1","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Clero secular e cor da pele no império português (séculos XVI-XVIII): uma via controversa
As pessoas que não tivessem a pele branca podiam integrar o clero secular da Igreja Católica Romana nas dioceses do império português? Este artigo visa responder a esta pergunta através de uma abordagem holística e de longa duração, cobrindo espaços do império português em África, Ásia, América e mundo atlântico, utilizando um olhar comparativo. Parto da hipótese de que as teses dominantes na historiagrafia nos últimos 50 anos, baseadas em interpretações de Charles Boxer, não são generalizáveis e não se aplicam de igual modo a todos os territórios do império entre os séculos XV e XVIII. Se Boxer não falha no essencial, constatando o reduzido contingente de clero secular não europeus, a questão é bem mais complexa e tem variáveis que ele não ponderou. Amparado na leitura cruzada de diversas fontes, algumas até ao presente escassamente consultadas para este efeito, demonstrar-se-á que, desde cedo, o estado clerical se abriu a pessoas não europeias, mas que esta via se tornou controversa e geradora de resistências variadas, ainda assim não impedindo que na América, em África e na Ásia houvesse populações originárias desses continentes que o integraram, por vezes assumindo posições relevantes.