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Tempo, variação e esquecimento: seis operações da ética da memória
Este artigo aborda a memória desde uma perspectiva trágica que a afirma enquanto um devir em constante transformação. Na sua relação indissociável e paradoxal com o esquecimento, busca-se visibilizar a possibilidade de metabolização do vivido e de incorporação das formas constantemente devolvidas às forças de criação e destruição inerentes às paisagens de dois vilarejos atravessados pela ferrovia: São Salvador e Paranapiacaba. Seis operações distintas acompanham o percurso de um pensamento debruçado sobre imagens e intensidades que se aglutinam em camadas: o tempo não é compreendido mais em estágios, mas em estratos que podem ser escavados e reunidos de modo fragmentário. São elas: a evaporação, a decomposição, a oxidação, a preservação, a digestão e a decomposição. Não existem homogeneidades e generalizações: cada qual enseja a sua própria travessia num ritmo dessemelhante e assimétrico, assim como cada qual estabelece as suas alianças, rizomas e desvios no encontro com as sobrevivências e suas metamorfoses.