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DESIGNAR E ARGUMENTAR EM TORNO DE UMA DIVISÃO “INTRANSPONÍVEL”
O objetivo deste trabalho é apresentar uma reflexão sobre uma relação entre designação e argumentação. Esta relação se apresenta pelo modo como os indígenas são referidos no texto pelos personagens do debate narrado pelo autor, e pelo embate argumentativo representado pela narrativa no acontecimento de enunciação do texto Diálogo sobre a conversão do gentio de Manuel da Nóbrega. As análises se fazem a partir de recortes relativos a dois aspectos do Diálogo: 1) a designação de gentio, índio e negro; 2) aspectos da argumentação dos dois personagens do Diálogo, Gonçalo Alvarez e Mateus Nugueira. O debate argumentativo, do texto narrado pelo autor, apresenta uma argumentação que sustenta a dificuldade da conversão pela “bestialidade” do indígena, ao que se opõe uma argumentação que apresenta a graça e a vontade de Deus e a igualdade dos seres humanos enquanto “bestas por natureza corrupta” como elementos da sustentação da possibilidade da conversão. Nesta argumentação joga de modo decisivo a metáfora do ferreiro e do fogo, significando a possibilidade de moldar aquele que resiste.